quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

PROJETO LEI INSTITUI O DIA NACIONAL DE CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE O AUTISMO.

SENADO FEDERAL
PROJETO DE LEI DO SENADO
Nº 321, DE 2010
Institui o Dia Nacional de Conscientização sobre o
Autismo.
O CONGRESSO NACIONAL decreta:
Art. 1º Fica instituído o Dia Nacional de Conscientização sobre o Autismo, a
ser celebrado anualmente no dia 02 de abril.
Art. 2º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
JUSTIFICAÇÃO
A medicina e a ciência de um modo geral sabem muito pouco sobre o autismo,
embora seja uma síndrome que assusta todos os países do mundo.
Nos Estados Unidos e nas nações da Europa, por exemplo, já se fala em uma das
maiores epidemias do planeta. Na década de 1990, estimava-se que havia um caso em
cada 2.500 pessoas, mas hoje o número apresentado é realmente assustador: existe uma
pessoa com autismo em cada grupo de 120 norte-americanos ou europeus. De acordo
com estimativas, há mais de 35 milhões de pessoas com autismo em todo o planeta,
problema que afeta não só a vida desses indivíduos, no tocante à forma como se
comunicam e interagem, mas também a dinâmica de suas famílias.
Com esse quadro alarmante e com o objetivo de alertar a população do planeta
sobre o problema do autismo, que alcança graves proporções, a Assembleia Geral da
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Organização das Nações Unidas (ONU) criou, em 2008, o Dia Mundial da
Conscientização sobre o Autismo (World Autism Awareness Day), que acontece no dia 02
de abril de cada ano.
Agora, em 2010, por ocasião da campanha sobre o autismo, o Secretário-Geral da
ONU, Ban Ki-moon, destacou a importância da inclusão social: “Lembremo-nos que cada
um de nós pode assumir essa responsabilidade. Vamos nos unir às pessoas com autismo
e suas famílias para uma maior sensibilização e compreensão”. Mencionou, ainda em sua
fala, a complexidade do autismo que, sem sombra de dúvidas, precisa de muita pesquisa.
Na mesma ocasião, o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, lembrou a
importância da data: “Temos feito grandes progressos, mas os desafios e as barreiras
ainda permanecem para os indivíduos do espectro do autismo e seus entes queridos”.
Ademais, após lembrar as políticas de seu governo, direcionadas ao problema do
autismo, afirmou: “Com cada nova política para romper essas barreiras e com cada
atitude para novas reformas, nos aproximamos de um mundo livre de discriminação, onde
todos possam alcançar seu potencial máximo”.
No Brasil, a situação começa a preocupar: há uma estimativa (resultado de
pesquisa realizada pelo Projeto Autismo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das
Clínicas, da Universidade de São Paulo) de que havia, em 2007, cerca de 1 milhão de
casos de autismo. É, pois, urgente que a população brasileira seja alertada sobre a
gravidade da situação. E é igualmente urgente que se criem mecanismos de estímulo às
autoridades no sentido de implementarem políticas de saúde pública para o tratamento e
o diagnóstico do autismo e, também, de apoio às pesquisas na área. Afinal, só a pesquisa
poderá nos oferecer estatísticas confiáveis para termos ideia da dimensão dessa
realidade no Brasil; só a pesquisa pode nos trazer respostas para melhores diagnósticos
e intervenções mais eficazes, para, com isso, oferecer mais qualidade de vida às pessoas
com autismo e a suas famílias.
Assim, entendemos ser hora de criar, também no Brasil, uma oportunidade para a
realização de debates e de campanhas de alerta; uma oportunidade de conscientizar a
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população do País sobre o autismo e, com isso, evitar situações de discriminação contra
as pessoas acometidas pela síndrome, permitindo-lhes participar da vida em sociedade e
exercer plenamente sua cidadania.
Por essa razão, entendemos ser hora de estabelecer um dia nacional para essa
mobilização, permitindo ao Brasil unir-se, de forma mais contundente, aos esforços
mundiais pela conscientização sobre o autismo. Nesse sentido e com a certeza de ser
essa uma causa justa e humana, esperamos contar com o apoio dos nobres colegas para
a aprovação desta proposta.
Sala das Sessões,
Senador FLÁVIO ARNS
(À Comissão de Educação, Cultura e Esporte, em decisão terminativa.)

domingo, 19 de dezembro de 2010

AUTISMO – Primeiro passo para a cura

Uma pesquisa divulgada na revista “Cell” americana deu nova esperança aos portadores de autismo. Alysson Muotri e cientistas brasileiros conseguiram transformar, em laboratório, neurônios de portadores de um tipo de autismo conhecido como Síndrome de Rett em células saudáveis. O estudo, mesmo que em fase de análise, empolgou pais e professores da Escola Classe 405 Norte – referência em educação para autistas. A diretora Marilena Oliveira considerou um passo importante no estudo dessa disfunção. “Acaba criando na gente uma expectativa quanto ao tratamento. Quem sabe mais para frente não se descubra o autismo e outras síndromes ainda no útero”, disse.
Para Eloísa Masson, mãe de uma criança autista que estuda na escola, a divulgação dos resultados veio como uma grande notícia. “É fantástico e a expectativa é enorme, porque quando o meu filho foi diagnosticado, aos quatro anos, o conceito era muito vago. Com esse estudo, agora sei que há uma diferença entre células normais de células autistas”, ressaltou. Além disso, Eloísa fez questão de parabenizar os cientistas. “Mesmo que eles estejam nos Estados Unidos, somos brasileiros e temos que nos orgulhar desse trabalho feito por brasileiros”, afirmou.
A primeira vez que o autismo foi descrito na medicina foi em 1943, quando o médico Kanner identificou crianças apresentando prejuízos nas áreas da comunicação, do comportamento e da interação social. Ele caracterizou essa condição como sendo única e não pertencente ao grupo das crianças com deficiência mental. Propôs o nome de Autismo para chamar a atenção para o prejuízo severo na interação social que era muito evidente desde o início da vida desses pacientes.
Com o passar do tempo e mais conhecimentos a respeito desse tipo de condição, surgiu a denominação de Transtornos Globais ou Invasivos do Desenvolvimento (TGD) que incluía, além do autismo, a Síndrome de Asperger, a Síndrome de Rett e o Transtorno Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação (TGDSOE). O Brasil ainda não possui nenhum dado estatístico sobre o transtorno no País. Sabe-se que, nos Estados Unidos, a cada 175 crianças recém-nascidas, uma é portadora de uma das síndromes que afeta a maneira como esses indivíduos se comunicam e interagem.
O psicólogo e coordenador de pesquisas do Movimento Orgulho Autista Brasil (MOAB), Gleidson Gabriel, explicou que o autismo tem três eixos-base: a comunicação (alguns indivíduos são verbais e não verbais), apresentam comportamento repetido, metódico e não interagem com o meio. Segundo ele, há uma demora para se diagnosticar a doença no Brasil, uma média de sete anos, uma vez que são realizados inúmeros testes para identificar até onde esses três níveis estão comprometidos. “Em termos de dados e diagnósticos, o Brasil está atrasado em relação a outros países”, lamentou. Inovações pioneiras como o da ONG e da Escola Classe 405 Norte, capacitam pais e a sociedade a melhor se relacionar com os portadores do transtorno. “Esse trabalho não é fácil, pois lidamos com os diferentes níveis de conhecimento sobre a doença”, explicou a professora Simone Lara dos Reis.
Organizações Não Governamentais também celebraram o resultado da pesquisa. Segundo a presidente do Movimento Orgulho Autista Brasil, Adriana Alves, mesmo que o processo ainda seja longo, já traz uma esperança para familiares e autistas. “Mostrar que é possível modificar a célula já é muito bom, imagina poder vivenciar isso”, ressaltou. Para Adriana, que é mãe de um adolescente autista, a interação social com o passar dos anos passa a ser um desafio, por isso que a ONG atua para capacitar a família e a sociedade para lidar com os portadores do autismo. Outra dificuldade apontada é que a maioria dos autistas são não verbais, ou seja, não utilizam a fala na comunicação dos interesses, por essa maneira é mais complicado entendê-los.
A revelação de que neurônios autistas podem ser corrigidos por meio do uso de substâncias que reprogramam a célula, cria a perspectiva de se desenvolver tratamentos para combater uma doença ainda muito estigmatizada pela sociedade.
Na pesquisa dos brasileiros, para analisar diferenças entre os neurônios, os cientistas fizeram uma biópsia de pele de pacientes com e sem autismo. Depois, reprogramou as células da pele em células de pluripotência induzida (iPS) – idênticas às células-tronco embrionárias, mas não extraídas de embriões. “Pluripotência” é a capacidade de toda célula-tronco de se especializar, ou diferenciar, em qualquer célula do corpo. Assim, as iPS também podem dar origem a células de todos os tipos, o que inclui neurônios.
Comparando os dois tipos, o grupo verificou que o núcleo dos neurônios autistas e o número de ramificações que atuam nas sinapses – contato entre neurônios, onde ocorre a transmissão de impulsos nervosos de uma célula para outra – é menor. Identificados os defeitos, o trio experimentou duas drogas para “consertar” os neurônios autistas: fator de crescimento insulínico tipo 1 (IGF-1, na sigla em inglês) e gentamicina. Tanto com uma substância quanto com a outra, os neurônios autistas passaram a se comportar como se fossem normais.
Lenise Garcia, bióloga celular da Universidade de Brasília (UnB) saudou o estudo. “É uma pesquisa extremamente interessante porque está sendo feita com células-tronco adultas não com as embrionárias”, afirmou. Segundo ela, a análise ajuda a legitimar a pesquisa com esse tipo de célula reprogramada. “A pluripotência faz com que, por meio da modificação de três ou quatro genes responsáveis por determinadas funções, as células se tornem semelhantes às embrionárias, podendo se transformar qualquer célula do corpo”, explicou. Mesmo com o avanço, a bióloga alerta que o processo é demorado. “Daqui para frente deve-se atentar para a segurança do paciente, fazendo outros testes, inclusive em camundongos, para depois prosseguir com os seres humanos”, afirmou. Para a bióloga, a cultura das células no laboratório cria oportunidades para se pesquisar remédios para o tratamento do autismo e outros transtornos.
O estudo, que baseou-se na Síndrome de Rett (um tipo de autismo com maior comprometimento e com comprovada causa genética), foi coordenado por mais dois brasileiros, Cassiano Carromeu e Carol Marchetto, e foi publicado na revista científica Cell. Além desse estudo, outra pesquisa coordenada por Alysson Muotri, que saiu na revista americana “Nature”, deste mês, mostrou que o cérebro de crianças com Síndrome de Rett, uma das formas de autismo, apresenta um aumento da atividade de “genes saltadores”. Esses genes são sequências de DNA repetitivas no genoma que aparentemente não têm nenhuma função. Entretanto, foi descoberto que eles se multiplicam no genoma neuronal por meio de um mecanismo de “copiar e colar”, aumentando o número de sequências no DNA do indivíduo.
Para Eloísa, a expectativa continua mesmo que o filho dela não seja o beneficiário. “Sei que não vai ser uma coisa milagrosa, mas pode dar resultados. Já é um grande passo para se entender e para curar”, concluiu.Santa Maria/DF, Domingo, 19 de Dezembro de 2010

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Senado faz audiência pública para tratar de projeto de lei do autismo e frustra público

Nesta quarta-feira, 17 de novembro de 2010, o Senado brasileiro, por meio da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), promoveu uma audiência pública, presidida pelo senador Flávio Arns (PSDB-PR), para discutir o texto proposto pela ADEFA (Associação em Defesa do Autista), entidade de Niterói (RJ), baseado inicialmente na lei estadual da Paraíba. O senador Paulo Paim (PT-RS), que foi quem recebeu a sugestão da ADEFA e acompanhou todo esse processo não esteve presente na audiência.

A audiência teve relatos muito ricos, porém, poucos frutos. Não houve debate e o único senador presente, Arns, teve que interromper a audiência para voltar ao plenário do Senado para votação -- regra da casa, que não permite nenhuma comissão funcionar durante votação. Portanto, não houve debate e ninguém conseguiu manifestar-se, com exceção dos que haviam sido antecipadamente convidados.



O texto do anteprojeto será discutido nos próximos dias por instituições que serão convidadas ao debate, entre elas a ADEFA.



RELATOS



A presidente da ADEFA, Julceli Vianna Antunes, que tem uma neta com autismo, salientou que "só quem tem um filho com autismo sabe o que é a síndrome". Ela fundou a entidade depois da dificuldade em tratar o neto e constatar a precariedade do atendimento à pessoa com autismo no Brasil.

Na sequência, Marisa Furia Silva, presidente da ABRA (Associação Brasileira de Autismo) e uma das fundadoras da AMA-SP (Associação Amigos do Autista, de São Paulo), se mostrou preocupada com o sistema integrado proposto pelo anteprojeto, "para que não engesse as instituições". Ela também citou o caso de uma pessoa com autismo que morreu em uma semana, com apêndice supurado, por inexperiência do médico que o atendeu. O problema aconteceu pelo rapaz não conseguir se comunicar e dizer onde estava doendo e o descaso e despreparo do médico, que não considerou o autismo ou não conhece a síndrome.

A presidente da AMA-BA (Associação Amigos do Autista, da Bahia), Rita Valéria Brasil Santos, contou diversos casos de famílias carentes atendidas pela instituição e com melhoras significativas. Em sua apresentação comparou a verba destinada à construção e ampliação de estádios para a Copa de 2014 e o descaso com os autistas no país. Ela também salientou que quando há uma iniciativa, não vem do governo e sim dos pais, e deu como exemplo a Revista Autismo e sua origem com trabalho voluntário,

O depoimento mais interessante, porém, foi do pesquisador Gustavo Adolfo de Medeiros. Depois de falar alguns minutos, ele contou que é autista, o que impressionou a todos. Ele tem autismo de alto desempenho e, portanto, conseguiu fazer faculdade e atualmente é mestre em Engenharia da Computação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Entre outras particularidades, Gustavo contou que aprendeu a conquistar uma namorada observando os rapazes galantearem uma amiga dele. No fim, ele disse que não quer ajuda do Estado, ele quer condições de poder ganhar o próprio dinheiro, com seu trabalho e suor.

Por último, o presidente do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina (Unifesp), psiquiatra Marcos Tomanik Mercadante, fez uma rápida apresentação sobre o autismo e admitiu que não há psiquiatras nem neuropediatras para atender a demanda da síndrome no Brasil.

A única que conseguiu manifestar-se dentro o público foi a diretora administrativa da ADEFA, Berenice Piana de Piana, que mostrou fotos com forte imagens de uma clínica da Bahia que mantinha os autistas em jaulas (sem força de expressão). Além de diversas ossadas que foram encontradas ao redor das instalações. A instituição foi interditada por uma promotora da Bahia. Em menos de cinco minutos, Berenice fez o depoimento mais contundente e emocionado da tarde.

A campainha que alerta os senadores para votação no plenário "forçou" o encerramento da reunião.



FRUSTRAÇÃO



A audiência encerrou-se com o público -- entre pais, profissionais e representantes de instituições de várias partes do Brasil -- frustrado por não haver debate e sem uma definição mais concreta do próximo passo para que o anteprojeto seja votado pelo Congresso como um projeto de lei. Segundo o senador, o projeto irá para a comissão de Direitos Humanos e outras comissões que poderão interferir e aprimorar o anteprojeto, assim como as entidades que serão convidadas a opinar.

O senador Arns encerrou dizendo que "se tudo correr bem, ao final desse processo teremos uma legislação nacional que proteja a pessoa com autismo em todos os aspectos relacionados à sua vida: dignidade, cidadania e serviços". A frase traz esperança, mas a decepção do público que veio de longe -- e gastou com a viagem a Brasília a escassa verba das instituições que representam e tratam autistas -- foi mais forte.



CONTEÚDO EXTRA:

Audio completo da audiência - Senado.gov.br
Revista Autismo citada nos minutos 14:44 (senador Arns), 15:15 e 15:16 (presidente da AMA-BA). Notas taquigráficas (ainda sem correções) - Senado.gov.br
CONTEUDO EXTRAÍDO DA REVISTA AUTISMO EDIÇÃO 2.

domingo, 14 de novembro de 2010

Cientistas brasileiros consertam 'neurônio autista' em laboratório

O biólogo molecular e colunista do G1 Alysson Muotri e cientistas brasileiros conseguiram transformar neurônios de portadores de um tipo de autismo conhecido como Síndrome de Rett em células saudáveis. Trabalhando nos Estados Unidos, os pesquisadores mostraram, pela primeira vez, que é possível reverter os efeitos da doença no nível neuronal, porém os remédios testados no experimento, realizado em laborátorio, ainda não podem ser usados em pessoas com segurança.

Muotri, pós-doutor em neurociência e células-tronco no Instituto Salk de Pesquisas Biológicas (EUA) e professor da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia em San Diego, trabalhou com os também brasileiros Cassiano Carromeu e Carol Marchetto. O estudo sai na edição de sexta-feira (12) da revista científica internacional “Cell”.

Assista ao vídeo ao lado com explicações do próprio cientista.

Para analisar diferenças entre os neurônios, a equipe fez uma biópsia de pele de pacientes autistas e de pessoas sem a condição. Depois, reprogramou as células da pele em células de pluripotência induzida (iPS) – idênticas às células-tronco embrionárias, mas não extraídas de embriões. “Pluripotência” é a capacidade de toda célula-tronco de se especializar, ou diferenciar, em qualquer célula do corpo.

A reprogramação genética de células adultas é feita por meio da introdução de genes. Eles funcionam como um software que reformata as células, deixando-as como se fossem de um embrião. Assim, as iPS também podem dar origem a células de todos os tipos, o que inclui neurônios.

Como os genomas dessas iPS vieram tanto de portadores de autismo como de não portadores, no final o trio de cientistas obteve neurônios autistas e neurônios saudáveis.

Comparação, conserto e limitações


Comparando os dois tipos, o grupo verificou que o núcleo dos neurônios autistas e o número de “espinhas”, as ramificações que atuam nas sinapses – contato entre neurônios, onde ocorre a transmissão de impulsos nervosos de uma célula para outra – é menor.

Identificados os defeitos, o trio experimentou duas drogas para “consertar” os neurônios autistas: fator de crescimento insulínico tipo 1 (IGF-1, na sigla em inglês) e gentamicina. Tanto com uma substância quanto com a outra, os neurônios autistas passaram a se comportar como se fossem normais.

“É possível reverter neurônios autistas para um estado normal, ou seja, o estado autista não é permanente”, diz Muotri, que escreve no blog Espiral. “Isso é fantástico, traz a esperança de que a cura é possível. Além disso, ao usamos neurônios semelhantes aos embrionários, mostramos que dá para fazer isso antes de os sintomas aparecerem.”

Os resultados promissores, porém, configuram o que é chamado no meio científico de “prova de princípio”. “Mostramos que a síndrome pode ser revertida. Mas reverter um cérebro inteiro, já formado, vai com certeza ser bem mais complexo do que fazer isso com neurônios numa placa de petri [recipiente usado em laboratório para o cultivo de micro-organismos]”, explica o pesquisador.

Entre as barreiras que impedem a aplicação prática imediata da descoberta está a incapacidade do IGF-1 de chegar ao alvo. “O fator, quando administrado via oral ou pela veia, acaba indo muito pouco ao cérebro. Existe uma barreira [hematocefálica] que protege o cérebro, filtrando ingredientes essenciais e evitando um ataque viral, por exemplo. O IGF-1 é uma molécula grande, que acaba sendo filtrada por essa barreira”, afirma Muotri. “Temos de alterar quimicamente o IGF-1 para deixá-lo mais penetrante.” Além disso, tanto o fator quanto a gentamicina são drogas não específicas, portanto causariam efeitos colaterais tóxicos se aplicadas em tratamentos com humanos.


O foco do estudo foi a chamada Síndrome de Rett, uma doença neurológica que faz parte do leque dos autismos. “Leque” porque o autismo não é uma doença única, mas um grupo de diversas enfermidades que têm em comum duas características bastante conhecidas: deficiências no contato social e comportamento repetitivo.

No caso dos portadores de Rett, há um desenvolvimento normal até algo em torno de seis meses a um ano e meio de idade. Mas então começa uma regressão. Além das características autistas típicas, neste caso bem acentuadas, eles vão perdendo coordenação motora e rigidez muscular.

Essa síndrome foi escolhida para o trabalho de Muotri, Carromeu e Marchetto porque tem uma causa genética clara – mutações no gene MeCP2 – e porque afeta os neurônios de forma mais acentuada, facilitando comparações e verificações de reversão.

“Talvez a implicação mais importante desse nosso trabalho é o fato de que os neurônios derivados de pessoas com autismo mostraram alterações independentemente de outros fatores. Isso indica que o defeito foi autônomo. Por isso, esse dado deve contribuir para reduzir o estigma associado a doenças mentais”, comemora Muotri. “Você não fica autista porque sua mãe não te deu o amor necessário ou porque seus pais foram ruins.”

Utilidade das iPS


Lygia da Veiga Pereira, doutora em Ciências Biomédicas e chefe do Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias (LaNCE) da USP, saudou a pesquisa: "É mais um trabalho que mostra a enorme utilidade das células iPS, não como fonte de tecido para terapia celular, mas como modelo para pesquisa básica, para entender os mecanismos moleculares por trás de diferentes doenças que tenham forte base genética."

Lygia faz uma ressalva sobre as características muito específicas da Síndrome de Rett. Como a disfunção é exclusivamente associada a uma mutação genética, ficam de fora os fatores ambientais que desencadeiam o autismo.

Ainda segundo a especialista, os resultados obtidos por Muotri também realçam "o que brasileiros podem fazer trabalhando com infraestrutura e agilidade para conseguir reagentes, por exemplo, e interagindo com uma comunidade científica de grande massa crítica".

sábado, 13 de novembro de 2010

Experimento mostra a diferença entre neurônios normais e de autistas





DIFERENÇA
Os cientistas criaram neurônios a partir de células da pele de autistas e de pessoas normais. Os pontos vermelhos são as sinapses (ponto de contato onde ocorre a transmissão de impulsos nervosos, de uma célula para outra). Os neurônios autistas (acima) formam menos sinapses que os neurônios normais

O grupo observou que o tamanho do núcleo dos neurônios autistas é menor do que o núcleo dos neurônios normais. O número de sinapses (pontos de contato onde ocorre a transmissão de impulsos nervosos entre uma célula e outra) também é reduzido nos neurônios autistas.

“Conseguimos demonstrar muito claramente que o autismo é uma doença biológica causada provavelmente por um defeito genético”, diz Muotri. “Esses neurônios criados em laboratório não sofreram a influência de nenhum fator ambiental e, mesmo assim, eram autistas”

revista época-11/11/2010

ESPERANÇA CONTRA AUTISMO.

O autismo é um dos mais intrigantes transtornos do desenvolvimento humano. Não é uma doença única, mas uma síndrome compostas por diversos males neurológicos que têm em comum duas características: deficiências no contato social e comportamento repetitivo. Durante muito tempo, acreditou-se que as crianças eram acometidas pela doença simplesmente porque não receberam afeto dos pais. Nas últimas décadas essa visão foi substituída pela certeza de que o problema é provocado por um distúrbio biológico no cérebro. A mais impressionante evidência disso foi divulgada hoje (11) pela revista científica Cell.

A equipe liderada pelo biólogo brasileiro Alysson Muotri, professor da Universidade da Califórnia, em San Diego, conseguiu três feitos inéditos e impactantes:

1) criou neurônios autistas em laboratório

2) revelou que eles são diferentes dos neurônios normais desde o início do desenvolvimento

3) conseguiu tratar os neurônios autistas e fazer com que eles se comportassem como neurônios normais

Nesse trabalho, Muotri decidiu trabalhar apenas com autistas portadores da síndrome de Rett - uma forma grave da doença. Os indivíduos que sofrem desse problema se desenvolvem normalmente até o primeiro ano de vida. A partir dessa fase, começa uma regressão acentuada. Além de apresentar comportamento autista, os pacientes perdem a coordenação motora e sofrem de rigidez muscular. Muitos morrem na juventude.


A síndrome de Rett foi escolhida pela equipe porque tem uma causa genética clara. Sabe-se que é provocada por mutações no gene conhecido como MeCP2. Além disso, os neurônios são afetados de forma mais dramática do que nos casos de autismo sem causa determinada.

Para investigar como a doença se origina, Muotri decidiu criar neurônios autistas em laboratório. Células da pele de pacientes foram extraídas por meio de uma biópsia simples. Elas receberam quatro genes que as induziram a se comportar como se fossem células-tronco embrionárias.As novas células tornaram-se capazes de dar origem a qualquer tipo de tecido.

Essas células são conhecidas no meio científico como células-tronco de pluripotência induzida (iPS). O método foi descrito pela primeira vez pelo japonês Shinya Yamanaka em 2006. Atualmente é empregado no estudo de várias doenças porque elimina a necessidade de descarte de embriões humanos e todos os dilemas morais decorrentes disso.

Em seguida, a equipe de Muotri adicionou vitamina A e outros fatores para induzir as células iPS a se transformar em neurônios. Deu certo. Como o genoma dessas células veio de pacientes autistas, pela primeira vez na história cientistas conseguiram criar neurônios autistas em laboratório e testemunhar o funcionamento deles desde o início do desenvolvimento. Observar o desenvolviemnto de um neurônio doente numa placa de Petri não é a mesma coisa que testemunhar isso dentro do cérebro de um paciente. Mas é um grande começo.

O grupo observou que o tamanho do núcleo dos neurônios autistas é menor do que o núcleo dos neurônios normais. O número de sinapses (pontos de contato onde ocorre a transmissão de impulsos nervosos entre uma célula e outra) também é reduzido nos neurônios autistas.

“Conseguimos demonstrar muito claramente que o autismo é uma doença biológica causada provavelmente por um defeito genético”, diz Muotri. “Esses neurônios criados em laboratório não sofreram a influência de nenhum fator ambiental e, mesmo assim, eram autistas”.

Se já é possível criar neurônios autistas, será que em breve será possível “consertá-los”? A equipe de Muotri também investigou isso. Duas drogas foram usadas na tentativa de curar os neurônios: o fator de crescimento de insulina 1 (IGF-1) e a gentamicina. O resultado foi muito motivador. Os neurônios autistas tratados passaram a se comportar como se fossem neurônios normais.

“Isso é fantástico, uma esperança de que a cura é possível”, diz Muotri. O trabalho indica que o estado autista não é permanente - e sim reversível. “Mostramos que é possível tratar esses neurônios antes dos sintomas aparecerem”, diz.

Nenhuma das duas drogas, porém, podem ser usadas atualmente em pacientes. Uma delas não cruza a barreira hematoencefálica (membrana que protege o cérebro de substâncias químicas presentes no sangue). A outra droga é tóxica. Mas o método pode ser usado para testar novas drogas desenvolvidas com o objetivo de reverter o autismo. Também pode dar origem a um teste de diagnóstico inequívoco baseado num material abundante e de simples acesso: células da pele.

“O mais surpreendente é que por esse método pudemos reconstituir a história de uma doença psiquiátrica numa placa de Petri”, diz Fred Gage, professor do Laboratório de Genética do Instituto Salk, em San Diego. É possível que em breve outras doenças psiquiátricas possam ser esclarecidas da mesma forma.

O grupo de Gage também participou do trabalho. Foi com ele que Muotri aprendeu a transformar células-tronco embrionárias em neurônios. Gage orientou o pós-doutorado de Muotri no Instituto Salk. Desde então, o brasileiro galgou vários degraus. Em 2008, tornou-se coordenador de um laboratório na Universidade da Califórnia. Coordena 12 pessoas. No ano passado, recebeu US$ 1,5 milhão do National Institutes of Health (NIH) para aplicar nas pesquisas. Outro trabalho com os neurônios autistas foi aceito pela revista Nature e deve ser publicado na próxima semana.

Filho de um advogado e de uma comerciante que tinha uma papelaria no bairro de Pinheiros, em São Paulo, Muotri vive há oito anos nos Estados Unidos. É casado com a bióloga paulistana Carol Marchetto, uma das autoras do trabalho. Eles se conheceram no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo. Junto com o colega Cassiano Carromeu, formam o trio de brasileiros que assina o trabalho junto com outros seis pesquisadores estrangeiros.

Carol e Muotri não pretendem sair de San Diego tão cedo. Lá encontraram condições ideais (dinheiro, liberdade, metas) para realizar pesquisa científica e uma qualidade de vida que o fez recusar convites para trabalhar em Boston e em Nova York.

Em San Diego, Muotri descobriu o surfe e a ioga. “A pressão no ambiente acadêmico é tão grande que o cientista precisa ter preparo físico para suportar”, diz. “O surfe e a ioga me equilibram e me ajudam a lidar com as pressões”. Se a prática do esporte é proporcional aos insights que Muotri vem acumulando, vamos torcer para que ele continue pegando muitas ondas.

CRISTIANE SEGATTO
REVISTA ÉPOCA-11/11/2010

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Cães provocam diminuição no estresse de crianças com autismo

A utilização de cães treinados para determinadas funções se tornou um grande trunfo em benefício de portadores de necessidades especiais. Os animais têm ajudado deficientes visuais e auditivos a viverem com mais independência, além de também auxiliarem pessoas com problemas locomotores.

Agora, pesquisadores descobriram como os cachorros também podem ajudar crianças autistas. A síndrome é caracterizada pela dificuldade do paciente de estabelecer relacionamentos e afeta sua capacidade de comunicação. E para provar os benefícios de um totó, um estudo realizado no Canadá inseriu um cachorro nas residências dessas pessoas e se propôs a medir o nível de estresse das crianças.

Segundo o jornal Telegraph os pesquisadores entrevistaram os pais dos pacientes com o objetivo de saber mais sobre o comportamento das crianças antes da chegada do cão e depois que ele foi retirado.

No final do estudo todas as famílias tiveram a opção de permanecerem com o cachorro, que foi treinado pela Fundação MIRA, especializada em formar animais para pessoas com algum tipo de deficiência. Crianças autistas de 42 famílias foram estudadas e a constatação foi animadora. Foi descoberto que os níveis de estresse tornaram-se menores com a chegada do amigo peludo.

Os pais declararam que seus filhos apresentaram também menos problemas como ansiedade e ataques de raiva. No geral, os pais reportaram 33 desvios de comportamento antes da chegada do animal e cerca de 25 com a presença do cão.

FONTE: Amici
Suzanne Dias

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

AUTISMO NÃO PEGA.DÊ CARINHO A QUEM TEM ESSA DEFICIÊNCIA.

Atendendo à pedidos de parentes de autistas, apresento essa matéria sobre "autismo", colocando na íntegra o que foi pesquisado, por tratar-se de um assunto específico e eu não ser conhecedor com profundidade do assunto. As fontes de informações foram a própria AMA no seu site, e um artigo feito por Ivan Padilha, na revista Época Negócios.
Você sabe o que significa AMA? É a Associação dos Amigos dos Autistas. Aqui em Teresina fica na Av. Marechal Castelo Branco, ao lado do 1º Batalhão da Polícia Militar do Piauí, num prédio doado pelo Governo do Estado em 2005. A presidente da AMA no Piauí é a sra. Helena Lima e, segundo ela, naquele ano (2005) a associação atendia a mais de 70 famílias, devendo hoje está atendendo a muito mais, pois haviam mais de 300 cadastrados.
Para melhores esclarecimentos,”autismo” é um distúrbio do desenvolvimento humano que vem sendo estudado pela ciência há seis décadas, mas sobre o qual ainda permanecem, dentro do próprio âmbito da ciência, divergências e grandes questões por responder.
Há 20 anos, quando surgiu a primeira associação para o Autismo no país, o Autismo era conhecido por um grupo muito pequeno de pessoas, entre elas poucos médicos, alguns profissionais da área de saúde e alguns pais que haviam sido surpreendidos com o diagnóstico de Autismo para seus filhos.
Atualmente, embora o Autismo seja bem mais conhecido, tendo inclusive sido tema de vários filmes de sucesso, ele ainda surpreende pela diversidade de características que pode apresentar e pelo fato de, na maioria das vezes, a criança autista ter uma aparência totalmente normal.
O Autismo é uma síndrome definida por alterações presentes desde idades muito precoces, tipicamente antes dos três anos de idade, e que se caracteriza sempre por desvios qualitativos na comunicação, na interação social e no uso da imaginação.
É comum pais relatarem que a criança passou por um período de normalidade anteriormente à manifestação dos sintomas.
Quando as crianças com autismo crescem, desenvolvem sua habilidade social em extensão variada. Alguns permanecem indiferentes, não entendendo muito bem o que se passa na vida social. Elas se comportam como se as outras pessoas não existissem, olham através de você como se você não estivesse lá e não reagem a alguém que fale com elas ou as chame pelo nome.
Freqüentemente suas faces mostram muito pouco de suas emoções, exceto se estiverem muito bravas ou agitadas. São indiferentes ou têm medo de seus colegas e usam as pessoas como utensílios para obter alguma coisa que queiram.
Pessoas com esse distúrbio possuem dificuldades qualitativas na comunicação, interação social, e a imaginação (a chamada tríade), e consequentemente apresentam problemas comportamentais.
Muita vezes o simples fato de querer ir ao banheiro e não conseguir comunicar a ninguém pode ocasionar problemas como auto-agressão ou agressão aos outros.
Em menor ou maior grau, o autismo atinge uma em cada 150 pessoas, apontam estudos americanos. Não se sabe a causa exata. Fatores genéticos ou exposição a toxinas do cérebro em desenvolvimento são as hipóteses mais prováveis. Os pacientes têm aparência normal, a não ser quando o transtorno aparece associado a outras doenças mentais.
Quando se fala em autista, a imagem que vem à cabeça da maioria das pessoas é a do ator Dustin Hoffman em “Rain Man”. O personagem do filme tem a Síndrome de Savant, um tipo de autismo que atinge um em cada dez pacientes. Os savants costumam ter uma memória prodigiosa, porém uma forte limitação intelectual.
Uma das manifestações mais suaves é a Síndrome de Asperger. Os pacientes têm dificuldade para interagir e demonstrar afeto, mas não apresentam atraso cognitivo e mental. Falam de forma pedante e têm interesses bastante específicos. O americano Vernon Smith, prêmio Nobel de Economia em 2002, tem a síndrome. Os psiquiatras acreditam que gênios como Michelangelo, Isaac Newton, Albert Einstein e Charles Darwin também tinham traços de Asperger.
Pessoas que sofrem da Síndrome de Asperger são as mais aptas a trabalhar. “O maior problema é a do preconceito”, afirma Marli Marques, coordenadora-geral da Associação de Amigos do Autista (AMA), entidade com quatro casas de assistência em São Paulo . “Eles não conseguem se expressar bem e têm caligrafia ruim. Dificilmente passam em uma entrevista de emprego”. (Fonte: Ivan Padilha/Revista Época Negócios/05/10/09)

terça-feira, 19 de outubro de 2010

CRIANÇAS AUTISTAS PODEM SER AFETIVAS.

Com três anos, L.S. ainda não fala, mas sua mãe, Deise, 28, tem esperança de que ele desenvolva essa capacidade.

Seu filho é autista. Anda pela casa de olhos fechados e passa muito tempo girando o corpo. Quando quer algo, L.S. agarra a mão de Deise para comunicar seu desejo.

"Ele é muito carinhoso, sempre retribui os meus beijos e abraços. E percebe quando estou triste, chega até a parar de comer", diz.

A dona de casa Joana também testemunhou um ato de empatia por parte de seu filho, Tiago. Autista de grau moderado, o jovem de 25 anos percebeu que a mãe estava abalada com a morte de um parente e quis confortá-la: "Ele oferecia a camiseta dele para secar as minhas lágrimas", conta.

Ainda que não se saiba se a troca de afetividade entre mãe e filho seja mera imitação de gestos por parte do autista, há pesquisas que contradizem a ideia comum segundo a qual os autistas são frios e alienados.

Um estudo conduzido na Queen's University, Canadá, com 15 crianças autistas, avaliou a capacidade que elas tinham para contar e sustentar uma mentira.

Os pesquisadores perceberam que 12 dessas crianças eram capazes de contar "mentiras piedosas", cujo objetivo é não desapontar as expectativas dos outros.

Quando recebiam um presente que não gostavam (um sabonete, no teste), eles mentiam para não magoar quem os havia presenteado.

NEM TÃO RÍGIDOS

Para Gustavo Giovannetti, psiquiatra da Unifesp, a habilidade que os pesquisadores detectaram não pode ser generalizada para todos os espectros de autismo, muito menos para casos mais severos, mas confirma teses mais atuais a respeito do tema.

"O que a pesquisa mostra é que o desenvolvimento dos autistas não é tão fechado e que seus sintomas não são assim tão rígidos", afirma.

Segundo o psiquiatra Estevão Vadasz, coordenador do ambulatório de autismo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, o mérito do estudo é desafiar o senso comum sobre a frieza dessas pessoas.

"É preciso acabar com esse mito de que autistas não têm afetividade. O que eles têm é dificuldade para demonstrar sentimentos por causa de suas limitações em se comunicar", diz.

A reportagem da Folha visitou na sexta-feira o ambulatório em que o médico atende no HC, em meio a atividades lúdicas como a presença de contadores de história e cães terapêuticos.

Um de seus pacientes, o adolescente F.V., 15, estava acompanhado pela mãe, Angela. "Ele começou a ficar agressivo. Bate em mim e quebra tudo se não é atendido. Não tenho mais força para controlá-lo. Já pensei até em interná-lo", desabafa.

Vadasz afirma que mesmo o comportamento agressivo de F.V. é uma prova de que ele tem emoções.

"A raiva é uma demonstração de seus sentimentos e de sua frustração por não conseguir exprimir um desejo."

Um diagnóstico precoce, diz o médico, pode melhorar as perspectivas de jovens autistas: "Quanto mais cedo a criança for tratada, maiores as chances de desenvolver capacidades de interação".

Sinal que pode ser promissor para o pequeno L.S., que ainda não consegue falar.

"Ele é muito novo ainda, quem sabe até os seis anos não seja capaz de desenvolver a comunicação verbal?", afirma o médico.
PORTAL AZ

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

AUTISMO INFANTIL- ELE NÃO É UM ESTRANHO!

Observar a criança durante os primeiros meses de vida é fundamental para detectar o distúrbio

Por Rafaela Fusieger

“Procurei um médico apenas quando ele tinha três anos, porque sempre tinha alguém que falava: ‘menino demora mesmo para começar a falar’; ‘ele é tímido igual ao pai’. Na verdade, eu deveria ter procurado um médico antes”. O depoimento é de Rosinei Miranda Caetano, mãe de Guilherme. A partir de 1 ano e 6 meses de idade o menino já apresentava déficit no desenvolvimento em relação à fala, no entanto a ajuda médica foi procurada 1 ano e meio depois, e o diagnóstico foi autismo.

Conforme Nicolas Laza, neuropediatra da Colômbia e coordenador do Grupo de Apoio a Distúrbios de Comportamento e de Aprendizagem Neuroxtimular, o autismo pode ser considerado um transtorno do desenvolvimento da função cerebral que impede os indivíduos de “entender e se relacionar adequadamente com o ambiente”. Este distúrbio produz problemas em diferentes graus das relações sociais de comunicação, como a capacidade de expressão e a compreensão da linguagem, além de ocasionar “a redução nas atividades que exigem um certo grau de imaginação, devido à falta de flexibilidade mental”, explica.

Rosinei, mãe de Guilherme, reside em Curitiba e conta que assim que o bebê nasce os pais recebem a caderneta de Saúde da Criança Curitibana. Na caderneta, constam itens relacionados ao desenvolvimento da criança e, assim, mês a mês os pais devem acompanhar e anotar cada evolução do filho. “A partir de 1 ano e 6 meses a 2 anos, no item em que a criança “começa a juntar duas palavras, construir frases simples, pedir as coisas pelo nome” não anotamos nada”.

Em relação aos aspectos físicos, o menino progredia normalmente: começou a andar no tempo certo e também deixou de usar a fralda sem preocupações. No entanto, a mãe conta que o ponto mais crítico realmente foi falar. “Na outra fase (da caderneta), que é de 2 anos a 3 anos, a criança já deve perguntar de tudo, aprender várias palavras, entender e responder perguntas simples, saber o seu nome, o de seus pais, irmãos e avós. Ele não fala isso até hoje, já com 4 anos e 8 meses”, lembra.

A importância do diagnóstico precoce

O autismo manifesta-se sempre antes dos 30 meses de vida da criança, pode aparecer já no nascimento ou durante o desenvolvimento. Aproximadamente 10 a 15% dos indivíduos com autismo têm inteligência normal ou acima do normal; 25 a 35% estão na faixa de um leve retardo mental, enquanto os outros possuem retardo mental de moderado a profundo. Quanto mais cedo a disfunção for detectada, mais possibilidades a criança tem de se desenvolver.

Para a pedagoga Mariana Esteves Statzner, Pós-Graduada em Estimulação Precoce, a intervenção e estimulação precoce desempenha um papel muito importante no desenvolvimento da criança, nos primeiros anos de vida, pois ela ocorre em etapas críticas do desenvolvimento psicomotor. “A finalidade é reabilitar e/ou recompensar os atrasos evolutivos. Nas crianças autistas, a estimulação vai colaborar para o desenvolvimento das características ditas normais. Ou seja, se ocorrer precocemente, a possibilidade do desvio do comportamento ser menos acentuado, é maior”. Ela salienta que é importante pensar que os autistas têm lacunas em algumas áreas, no entanto todos têm potencial para progredir.

Nicolas Laza, neuropediatra, reforça que estudos comprovam que todas as pessoas com autismo podem melhorar significativamente o seu comportamento de acordo com uma adequada educação e intervenção precoce, feita por uma equipe multidisciplinar, utilizando programas especiais personalizados e envolvendo um certo grau de repetição. “Em alguns pacientes em que foi realizada a intervenção precoce, muitas vezes constatamos tanta melhora que tivemos que parar para realizar uma reavaliação do diagnóstico inicial”.

“Além da medicação, passamos também, depois de muitos estudos e ajuda das terapeutas, a perceber que o isolamento muitas vezes, é por não saber como chegar nas pessoas. Temos que ter sempre a iniciativa, e estar ciente disso. Acho muito engraçado quando ele vê alguém que gosta muito, parece que a mente dele pensa: ‘vou abraçar’, o corpo dá o impulso, com se fosse mesmo, mas ele não sai do lugar. Já presenciei isto algumas vezes, aí digo para a pessoa ele quer abraçar. Então a pessoa retribui, dá uns apertões e ele fica feliz”, conta Alessandra, de Florianópolis, mãe de Guillermo, 4 anos, diagnosticado com autismo aos 2 anos e 6 meses.

A intervenção

Atualmente, Mariana, que reside no Rio de Janeiro, faz atendimento domiciliar a cinco crianças autistas. Ela comenta que não trabalha com uma técnica fechada de intervenção. “Porque acho que não cabe, ainda mais quando falamos e pensamos em diversidade. Se todos somos diferentes porque temos que aprender da mesma forma?”, questiona.

A pedagoga segue os preceitos do Programa Son-Rise, que prega uma abordagem prática e abrangente para inspirar a pessoa com autismo a participar espontaneamente de interações divertidas e dinâmicas com outras pessoas, tornando-se aberta, receptiva e motivada para aprender novas habilidades e informações.

“Trabalho a partir dessa filosofia e seguindo os interesses da criança. Mas nada me impede de lançar mão de outras técnicas como o PECS (sistema de utilização de cartões de figuras) e do TEACCH (ensino estruturado). O importante é conhecer as vantagens e desvantagens de cada uma delas e sua aplicabilidade correta. É trabalhar com responsabilidade”, finaliza.

Nicolas Laza, neuropediatra, explica que um bom tratamento para crianças autistas dependente, principalmente, de quatro fatores: 1 – deve ser realizado de forma individualizada; 2 - o envolvimento dos pais deve ser entendido como um fator chave para o sucesso; 3 – o tratamento deve ser bem estruturado; 4 – deve ser intensivo e se estender a todos os contextos do indivíduo.

O não-verbal expressado pelos autistas

“Perceber os sinais… como é difícil! E muitas vezes vejo que a falta de comunicação não é dele, é minha. Falo isso em relação ao tirar fraldas. Quando ele faz coco, ele tira a fralda ou a cueca aonde estiver, claro que suja as perninhas e sai pisoteando tudo pela casa e vai pro chuveiro.

Portanto sempre que faz xixi, principalmente na cueca, ele já corre para o chuveiro e eu tenho medo porque ele pode escorregar. Isso já aconteceu e abriu o queixo, então é aquela tensão: ‘fechou a porta?’, ‘Chaveou?’. É sempre em sentinela, e como cansa!

Faz dois dias que deixei ele de fralda quando chega da aula à tarde. Hoje por um deslize deixamos a porta aberta e ele correu pra lá, logo sentimos que o chuveiro estava aberto, era ele, mas não havia feito nada, tinha se molhado todo, e eu ainda briguei e o repreendi.

Aí ele voltou para o quarto, minutos depois veio ele todo sujo para porta do banheiro e todo pisoteado. Ele tentou avisar do jeito dele, já devia estar sentindo vontade, era mais ou menos o mesmo horário dos dias anteriores, eu que não percebi, mas ele se comunica sim.”

O relato acima é de Alessandra, mãe de Guillermo. Conforme Nicolas Laza, neuropediatra, uma das características clínicas do autismo é o pensamento visual. “Elas pensam em imagens, não em palavras. Através de desenhos compõem o que é abstrato ou complexo, tais como tempo, seqüência, situações sociais”, explica. A linguagem verbal é o “segundo idioma” dos autistas. Neste caso, Guillermo tentou, da sua forma, mostrar que precisava ir ao banheiro.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

VIII CONGRESSO BRASILEIRO DE AUTISMO NA PARAÍBA

Evento acontece em João Pessoa, dos dias 28 a 30 de outubro. Inscrições pelo site

Acontece dos dias 28 a 30 de outubro, em João Pessoa na Paraíba, o VIII Congresso Brasileiro de Autismo com o tema "Saúde mental e educação especial inclusiva".

Durante o congresso serão abordados temas como inclusão, políticas públicas, direitos humanos, educação, comportamento, terapias combinadas, cognição, a importância do brincar, sexualidade, entre outros.

Informações e inscrições no site da AMA-PB www.amapb.com.br ou pelos telefones (83) 3045.2980 ou (83) 3226.2431


Serviço

Data: 28 a 30 de outubro
Local: João Pessoa - PB

Fonte: AMA - PB

Mutações do gene PTCHD1 no cromossomo X é causa de autismo nos homens

Cientistas descobriram que meninos que carregam alterações específicas do DNA do cromossomo X estão em alto riscotamanho da letra
A-A+Foto: Divulgação/Austim Center Research

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Criança com autismo participa de dia de recreação na praia acompanhada da família
Uma pesquisa do Centro de Dependência e Saúde Mental (CAMH) e do Hospital para Crianças Doentes (SickKids), ambos em Toronto, Canadá, fornece novas pistas sobre o porquê do espectro autista (TEA) afetar quatro vezes mais homens que mulheres. Os cientistas descobriram que os meninos que carregam as alterações específicas do DNA do cromossomo X estão em alto risco de desenvolverem autismo (ASD).

O ASD é uma desordem neurológica que afeta o funcionamento do cérebro, resultando em desafios de comunicação e interação social, padrões incomuns de comportamento e, muitas vezes, déficits intelectuais. A doença afeta uma em cada 120 crianças, sendo predominante entre os meninos (em média, 70 meninos). Apesar de todas as causas do autismo ainda não serem conhecidas, pesquisas apontam, cada vez mais, para fatores genéticos. Nos últimos anos, vários genes envolvidos na ASD foram identificados.

A equipe de pesquisa, conduzida por John B. Vincent, chefe de Neuropsiquiatria Molecular do CAMH, e por Stephen Scherer, diretor do Centro de Genômica Aplicada na SickKids, alisaram as sequências genéticas de dois mil indivíduos com ASD e compararam os resultados com grupo controle. Eles descobriram que cerca de 1% dos meninos com autismo tiveram mutações no gene PTCHD1 no cromossomo X. Mutações semelhantes não foram encontradas no grupo controle do sexo masculino. Além disso, as irmãs com a mesma mutação aparentemente não foram afetadas.

"Acreditamos que o gene PTCHD1 tem papel em uma via neurobiológica que fornece informações para as células, durante o desenvolvimento do cérebro. Essa mutação específica pode perturbar processos de desenvolvimento, contribuindo para o aparecimento do autismo", disse Vincent. "Nossa descoberta vai facilitar a detecção precoce, que, por sua vez, aumenta a probabilidade de intervenções bem sucedidas".

Scherer acrescenta que "o predomínio do gênero masculino no autismo tem intrigado os cientistas durante anos e agora temos um indicador que começa a explicar por que isso acontece. Os meninos são meninos, porque eles herdaram um cromossomo X de sua mãe e um cromossomo Y de seu pai. Se em um menino cromossomo X está faltando o gene PTCHD1 ou outras sequências de DNA nas proximidades, eles estarão em risco elevado de desenvolverem o ASD ou deficiência intelectual. As meninas são diferentes, mesmo se nelas estiverem faltando um gene PTCHD1, porque elas têm um segundo cromossomo X, protegendo-as da ASD ". O pesquisador acrescenta: " Embora estas mulheres sejam protegidas, o autismo pode aparecer em futuras gerações de meninos em suas famílias".

Os pesquisadores esperam que estudos mais aprofundados sobre o gene PTCHD1 também possam indicar caminhos para novas terapias.





Fonte: Isaude.net

sábado, 18 de setembro de 2010

DESCOBERTA ABRE CAMINHO PARA TRATAR AUTISMO.

Descoberta abre caminho para tratar o autismo
Extraído de: Coordenadoria dos Direitos da Cidadania - 17 de Setembro de 2010
Pesquisa mostra que dobramento errado de uma proteína e outras anomalias moleculares estão associados autismo.

Uma equipe internacional de especialistas, liderada por pesquisadores da Universidade da Califórnia, San Diego, descobriu que o dobramento errado de uma proteína chamada neuroligina-3 e outras anomalias moleculares em uma importante proteína do cérebro estão associados aos transtornos do espectro do autismo. O estudo foi divulgado no Journal of Biological Chemistry.

Identificar e descrever a ligação da proteína dobrada incorretamente representa um avanço na compreensão das causas de certos autismos, incluindo as influências de genes em oposição ao ambiente, e talvez ofereça um novo alvo para possíveis terapias medicamentosas.

Se a mutação é identificada cedo, talvez seja possível salvar neurônios afetados antes que conexões sinápticas anormais sejam estabelecidas, conta o coautor do estudo, Davide Comoletti.

Mas há muito trabalho pela frente. Talvez sejamos capazes de descobrir um tratamento para reparar uma célula em desenvolvimento, mas salvar a atividade dentro de um organismo vivo pode não ser viável com a mesma estratégia.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

O MISTÉRIO DOS AUTISTAS

Silenciosas, pouco comunicativas e alheadas do mundo que as rodeia são algumas das características das pessoas com autismo. O diagnóstico inicial não é fácil, e muitas vezes a sua manifestação é confundida com deficiência mental. (Fonte: ACTIVA)

Do que se Trata?
De origem desconhecida, esta perturbação comunicativa e de socialização continua a gerar grande curiosidade médica. Apesar de várias teorias lhe atribuírem uma causa genética, a verdade é que não há consensos. A palavra ‘autismo’ deriva do grego autos, que significa ‘eu’ ou ‘próprio’, sendo utilizada para designar esta síndrome porque uma das suas principais características é o desinteresse pelo mundo exterior. Geralmente, os primeiros sinais de autismo manifestam-se no primeiro ano de vida, mas podem ganhar forma até aos três anos de idade, sendo duas a quatro vezes mais frequentes no sexo masculino do que no feminino.
Algumas crianças, apesar de autistas, apresentam inteligência e fala intactas, outras apresentam sérios retardos no desenvolvimento da linguagem. Alguns parecem fechados e distantes, outros presos a comportamentos restritos e rígidos padrões de comportamento.As crianças autistas revelam-se incapazes de desenvolver relações sociais normais, são extremamente adversas às mudanças e presas a objectos familiares, demonstrando possuir um comportamento compulsivo e repetitivo. Frequentemente confundidas com deficientes mentais, ou emocionalmente perturbadas, nunca apresentarão uma inteligência ‘normal’ e semelhante aos meninos da sua idade. Pode ser inferior ou superior em certas áreas, como a matemática e as artes.


Filme RAIN MAN

Lembra-se do filme ‘Rain Man Encontro de Irmãos’, no qual Dustin Hoffman dava vida a um personagem que parecia uma criança no corpo de um adulto, com extraordinárias capacidades de cálculo matemático mas incapaz de tomar conta de si próprio? Um autista adulto possuirá muitas dessas características e exigirá dos pais e familiares uma vigilância quase permanente.

Como se Manifesta?
O rastreio pode ser feito através da realização de exames neurológicos adequados. Para evitar erros, nunca deixe de procurar ajuda médica. Eis alguns dos sinais que podem denunciar um autista.

. Dificuldade de relacionamento com outras crianças da sua idade.


. Problemas com a linguagem. Optam muitas vezes por não falar, porque não querem ou porque não conseguem.

. Ausência de relações pessoais mais íntimas: não beijam, abraçam ou olham nos olhos.

. Resistência às mudanças, que normalmente consideram como desestabilizadoras do ambiente em que se movem.


. Tendência para a insensibilidade à dor, ataques de fúria, acentuada hiperactividade física, ou até mesmo a ausência de medo perante o perigo.

O MISTERIOSO DOM AUTISTA
Eis aqui alguns exemplos de pessoas portadoras dessa “deficiência”, que possuem habilidades que estudiosos e cientistas não conseguem explicar.



Kim Peek

Kim Peek
Quando foi diagnosticado com retardo mental, um médico disse ao seu pai que ele nunca conseguiria aprender nada, que deveria ser institucionalizado e esquecido. Mas Kim começou a ler enciclopédias aos quatro anos de idade. E terminou o currículo do High School (2º grau), aos 14 anos.Ele costuma memorizar listas telefônicas inteiras. Sabe, de cada cidade dos EUA, quais são todas as suas estradas, estações de TV, códigos de área, códigos postais, etc. Sabe também da história de todos os países. Conhece toda a árvore genealógica e todos os detalhes da vida de todos os presidentes dos EUA. Lembra-se de todas as realizações da NASA. Finalmente, parece que ele mantém em sua mente tudo o que ele lê. Páginas de livros que podemos ler em 3 minutos ele lê em 8 ou 10 segundos. Ele utiliza um olho para ler cada página simultaneamente. Kim sabe qual foi o dia da semana de qualquer data passada. Por exemplo, se perguntarmos que dia da semana foi 27 de março de 1977, ele responderá que foi um domingo. Peek serviu de inspiração para o personagem Raymond Babbit, que Dustin Hoffman representou em 1988 no filme Rain Man.

Leslie Lemke

Leslie Lemke

Nascido prematuro em Milwaukee, 1952, foi rejeitado pela mãe por ser portador de deficiência cerebral. Com complicações na retina, ficou totalmente cego devido ao glaucoma. Aos 14 anos tocou, com perfeição, o Concerto nº 1 para piano de Tchaikovsky, depois de ouvi-lo pela primeira vez enquanto escutava um filme de televisão. Lemke jamais tinha tido aula de piano, é cego, mentalmente incapacitado e tem paralisia cerebral. Em 1983, Leslie ganhou fama mundial, sendo convidado pelos reis da Noruega. Fez também uma turnê no Japão, mantendo sempre a política de shows beneficentes em escolas, hospitais, prisões, igrejas.

ALONZO CLEMONS

Alonzo Clemons

Alonzo Clemons pode criar réplicas de cera perfeitas de qualquer animal, não importa quão brevemente o veja. Suas estátuas de bronze são vendidas por uma galeria em Aspen, Colorado, e lhe deram reputação nacional. Clemons é mentalmente incapacitado.

JEDEDIAH BUXTON

Jedediah Buxton

Jedediah Buxton (1705-74) era analfabeto, porém possuía uma capacidade fora do comum para cálculos e notável aptidão para solucionar os mais difíceis problemas. Em uma visita a Londres, foi levado a ver Garrick na peça Ricardo III e passou o tempo a contar as palavras pronunciadas pelos atores. Calculou o produto de um farthing (moeda inglesa) elevado à potência 139. O resultado, expresso em libras, alcança 39 dígitos. À parte seu talento para os números, sua inteligência era abaixo de medíocre.

Veja mais exemplos impressionantes no Site: Eu, Autista



Ainda não há cura para o autismo. Mas grandes passos têm sido dados no conhecimento e tratamento da doença.

Repórter: Samuel Pedro R2 | Data de envio: 30-08-2010
Reporter de Cristo

domingo, 22 de agosto de 2010

SEMINÁRIO SOBRE AUTISMO

Seminário sobre autismo reúne profissionais da educação, saúde e assistência social da região

No último final de semana, a Associação Mantenedora Pandorga, de São Leopoldo/RS, oportunizou no auditório do Campus SETREM, importante seminário sobre autismo. O evento reuniu mais de 100 profissionais da área da saúde, educação e assistência social de toda a região.
O objetivo, segundo Nelson Kirst (fundador da entidade ao lado da mulher, Heide) é socializar conhecimentos a cerca desta doença ainda pouco conhecida. “É preciso perceber o autismo na sociedade. Estima-se que 0,7% e 1% da população brasileira seja autista. Em Três de Maio este número deve chegar a 170 pessoas. Onde elas estão? Como estão vivendo? Esta é a nossa grande preocupação.”
O primeiro passo para melhoria da qualidade de vida destes é o diagnostico da doença. Segundo Fernando Gustavo Stelzer, médico e mestre em Neurologia pela Universidade de São Paulo (USP), a família deve procurar um profissional experiente, pois a doença pode ser confundida com outros distúrbios. “Percebemos muito desconhecimento com relação à doença, não só por parte da população em geral, mas também dos profissionais da área da saúde e da educação. É preciso dizer às famílias que mesmo que o autista tenha suas capacidades bastante comprometidas ou limitadas, sempre há algo a ser melhorado. Não é preciso esconder o filho dentro de casa, devem procurar ajuda”, conclui. O trabalho da associação é completamente beneficente e voluntário.

Postado por Paulo Marques -JORNAL CORREIO DO POVO

DIVULGAÇÃO:BRASIL TERÁ A PRIMEIRA REVISTA SOBRE AUTISMO DA AMÉRICA LATINA.

13/08/2010 - Brasil terá a primeira revista sobre autismo da América Latina
Escrito por amaes
Sex, 13 de Agosto de 2010 08:53
O Brasil está prestes a ter a primeira revista sobre autismo em toda a América Latina e a única em língua portuguesa no mundo. Neste mês de agosto (2010), será lançada a Revista Autismo e o site RevistaAutismo.com.br com muito material sobre o assunto. Também no Twitter a publicação tem um canal para divulgação e interação (@RevistaAutismo).

A revista será impressa, de circulação nacional e gratuita. Haverá também uma versão eletrônica, online com 100% do conteúdo, além de material extra para ser compartilhado, com acesso irrestrito. O objetivo é levar informação a profissionais e principalmente a pais envolvidos com o autismo, ajudando essencialmente aos que não têm acesso à internet (ou habilidade com a tecnologia), além de democratizar a informação sobre autismo e conscientizar a sociedade sobre essa tão complexa síndrome, que precisa urgente de políticas de saúde pública.


Edição zero

A edição de lançamento (número zero) terá artigos de profissionais de renome, como o neuropediatra José Salomão Schwartzman, o médico Walter Camargos Jr., especialista em Psiquiatria da infância e adolescência, a médica Simone Pires, especialista em Protocolo DAN!, entre muitos outros textos de qualidade.

Para o material extra de cada artigo, a Revista Autismo utiliza a tecnologia de QR Codes (saiba mais aqui), uma espécie de código de integração de mídias, que pode ser lido por celulares com câmera e webcams em computadores, ligando o leitor a um material online complementar e atualizado.

Segundo o editor-chefe da revista, o jornalista Paiva Junior (@PaivaJunior), "o lançamento da publicação, que está com ótimo conteúdo e um design moderno, será um marco para o autismo no Brasil".

Então anote na sua agenda: agosto de 2010 é o mês de lançamento da Revista Autismo, que estará, na íntegra, no site RevistaAutismo.com.br para você ler e divulgar.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

palestra-AUTISMO UM MUNDO INSPIRADOR

Com evento realizado na segunda-feira em Itajaí, o ICPG abordou o tema em 6 cidades do Vale do Itajaí.

Assessor de Imprensa - Jairo Schmidt Junior

Devido à grande procura, o ICPG promove a formação em “Autismo e outros Transtornos do Desenvolvimento: diagnóstico, tratamentos e intervenções”.

Na noite desta segunda-feira, 9 de agosto, aconteceu a palestra “Inspirados pelo Autismo: abordagem educacional inovadora para o desenvolvimento de pessoas com autismo”, proferida pela psicóloga e facilitadora do projeto Inspirados do Instituto Inspirados pelo Autismo, Juliana Alves Santiago, e pela psicopedagoga Ana Paula Fischer Hort. O evento, que iniciou às 19h na nova sede ICPG em Itajaí, contou com a presença de 50 pessoas, entre profissionais da educação, psicólogos, fonoaudiólogos, cuidadores e familiares de crianças e adultos com autismo.

Com a explanação pelas palestrantes, o público presente pode se aprofundar no tema e adquirir novos conhecimentos e outras experiências sobre o trabalho a ser desenvolvido com pessoas do espectro autista, eles tiveram a oportunidade de conhecer o programa Son-Rise, uma abordagem relacional inovadora e dinâmica ao tratamento da doença e outras dificuldades similares. Ao final da apresentação, que se encerrou às 22h, foi aberto um debate para que as dúvidas fossem respondidas. Neste momento, pode-se notar a necessidade por informações referentes ao autismo, além da busca de pais, profissionais e professores pela troca de informações.

Esta palestra visou levar para todo o Vale do Itajaí informações sobre o Autismo. O evento foi realizado em Blumenau, Indaial, Guaramirim, Brusque, Rio do Sul e Itajaí, contando com a participação de aproximadamente 400 profissionais, educadores e pais.

Formação em Autismo e outros Transtornos do Desenvolvimento

Devido à grande procura nas palestras, o ICPG está promovendo a formação em “Autismo e outros Transtornos do Desenvolvimento: diagnóstico, tratamentos e intervenções”, com o intuito de levar aos profissionais e pais uma excelente oportunidade de adquirirem conhecimentos para a realização de uma intervenção psicoeducacional sócio-interacionista e responsiva. A formação em autismo pretende oferecer subsídios para ajudar crianças e adultos do espectro do autismo a desenvolver habilidades sociais e cognitivas.

As aulas serão ministradas pela psicóloga Juliana Alves Santiago e pela psicopedagoga Ana Paula Fischer Hort, que abordarão os seguintes conteúdos: Desenvolvimento infantil pela perspectiva sócio-interacionista; Teoria da aprendizagem pela perspectiva sócio-interacionista; O desenvolvimento cognitivo; Compreendendo o Transtorno Global de Desenvolvimento; O desenvolvimento de habilidades sociais; O desenvolvimento da linguagem; Como lidar com comportamentos considerados socialmente inadequados; Como motivar a criança a realizar espontaneamente atividades de vida diária; A inclusão escolar da criança com autismo; A atitude emocional dos professores e cuidadores frente à pessoa com autismo.

Com início em 23 de agosto, a formação tem duração de três meses, carga horária de 40 h.a, e aulas as segundas-feiras (18h45 – 22) em Blumenau. O investimento é de três parcelas de R$ 100,00 e matrícula de R$ 30,00.

O Autismo e a reorganização do cérebro

Durante muito tempo o autismo foi considerado um distúrbio comportamental irreversível, cujo tratamento seria apenas a administração de comportamentos. Atualmente sabe-se que o autismo é um desenvolvimento atípico resultante de um sistema neurobiológico programado para operar de forma diferente, resultando numa desordem relacional reversível. Isto porque pesquisas científicas recentes têm comprovado que o cérebro pode se modificar em termos de estrutura e funcionalidade, como resposta às mudanças do ambiente e aos estímulos sensoriais. Cada vez que a criança com autismo se motivar a ser ativa numa atividade interativa, seu cérebro se reorganizará de tal modo a desenvolver habilidades sociais e consequentemente minimizar o quadro autístico.

As palestrantes estão à disposição para entrevistas.
Jornal:O Riosslense

NOVO EXAME CEREBRAL AJUDA A IDENTIFICAR AUTISMO EM ADULTOS.

Novo exame cerebral ajuda a identificar autismo em adultos
(Getty Images)
"Se conseguimos 90% de precisão em adultos, acreditamos que os resultados serão ainda melhores em crianças", comemora Christine Ecker, coordenadora do estudo
Um exame cerebral simples, que dura apenas 15 minutos, pode ser um grande aliado no diagnóstico do autismo - distúrbio neurológico que dificulta principalmente a interação pessoal. A nova técnica, que identifica diferenças estruturais nos órgãos dos pacientes, pode acelerar o processo de identificação da doença em crianças - que hoje acaba sendo demorado e tardio.

Pesquisadores ingleses fizeram um estudo comparando imagens do cérebro de 20 adultos saudáveis e 20 autistas - que já haviam sido diagnosticadas pelos métodos tradicionais, como testes de QI, entrevista e exames físico e de sangue. De acordo com a psiquiatra e coordenadora da pesquisa Christine Ecker, do King's College Institute of Psychiatry, diferenças significativas foram encontradas na espessura dos tecidos em partes do cérebro que são responsáveis por funções como comportamento e linguagem.

Foi possível identificar com 90% de precisão, o que foi considerado um ponto muito positivo porque, de acordo com a cientista, "se conseguimos 90% de precisão em adultos, acreditamos que os resultados serão ainda melhores em crianças". Agora, os pesquisadores planejam estender a análise a mulheres e crianças. "Acreditamos que essa abordagem vai funcionar melhor ainda em crianças porque as anormalidades do autismo são mais proeminentes durante a infância", enfatizou Christine Ecker.

A tecnologia utilizada é comum para o reconhecimento de rostos em programas de computador, mas nunca havia sido usada para imagens cerebrais. O novo método é importante, segundo o estudioso Declan Murphy, porque "o diagnóstico será baseado em um marcador biológico e não na opinião de um clínico após uma entrevista". Ele ainda salienta que o diagnóstico preciso proporciona ao paciente a oportunidade de encontrar meios que melhorem sua qualidade de vida.

Fonte:RevistA Veja-Editora Abril

O que é AUTISMO?

O QUE É AUTISMO?

O autismo é uma alteração cerebral uma desordem que compromete o desenvolvimento psiconeurológico e afeta a capacidade da pessoa se comunicar, compreender e falar, afeta seu convivio social.

O autismo infantil é um transtorno do desenvolvimento que manifesta-se antes dos 3 anos de idade, e é mais comum em meninos que em meninas e não necessáriamente é acompanhado de retardo mental pois existem casos de crianças que apresentam inteligência e fala intactas.

Existe também o Transtorno Desintegrativo do Desenvolvimento que difere do autismo infantil por evidenciar-se somente depois dos 3 anos de idade, referir-se a um desenvolvimento anormal e prejudicado e não preencher todos os critério de diagnóstico. O autismo atípico surge mais freqüentemente em indivíduos com deficiência mental profunda e em indivíduos com um grave transtorno específico do desenvolvimento da recepção da linguagem.

Por ainda não ter uma causa específica definida, é chamado de Síndrome (=conjunto de sintomas) e como em qualquer síndrome o grau de comprometimento pode variar do mais severo ao mais brando e atinge todas as classe sociais, em todo o mundo.

Leo Karnner foi o primeiro a classificar o autismo em 1943, logo aós em 1944 Hans Asperger pesquisou e classificou a Síndrome de Asperger, um dos espectros mais conhecidos do Autismo.



HISTÓRIA - CONCEITO DO AUTISMO

Leo Kanner ( Psiquiatra austríaco radicado nos Estados Unidos. Nascido em 13 de junho de 1894, em Klekotow, Áustria e falecido em 4 de abril de 1981 ) e m 1943 publicou a obra que associou seu nome ao autismo “Autistic disturbances of affective contact”, na revsta Nervous Children, número 2, páginas 217-250. Nela estudou e descreveu a condição de 11 crianças consideradas especiais, que tinham em comum “um isolamento extremo desde o início da vida e um desejo obsessivo pela preservação da rotina”, denominando-as de “autistas”.

Já existiram muitos questionamentos e hipoteses sobre origem do autismo uma delas era de que os pais poderiam ser culpados pelo extremo isom=lamento da criança, Então 1969 durante a primeira assembelia da National Society for Autistic Children (hoje Autism Society of America - ASA) , Leo Kanner absolve publicamente os pais de serem a causa do desenvolvimento da sindrome autistica em seus filhos. Ele continuou a ocupar-se de crianças com autismo por muito tempo, por isso voltou a sua primeira hipotese de que o autismo é um disturbio inato do desenvolvimento.

Em 1972 nos Estados Unidos é reconhecido o programa TEACCH – The Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handicapped Children ( em português: Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Déficits Relacionados com a Comunicação) criado por Eric Schopler Professor de psicologia e diretor desse programa da Universidade da Carolina do Norte até 1994. Um dos pontos principais desse método é a colaboração entre equipe educadora e a família.

A partir de 1980 com a 3ª edicão do Manual Diagnóstico e Estatístico (DSM III) é introduzido o capitulo dedicado a Distúrbio Generalizado do Desenvolvimento no qual o autismo passa a estar.



SINTOMAS COMUNS

Conforme - ASA ( Autism Society of American). A maioria dos sintomas está presente nos primeiros anos de vida da criança variando em intensidade de mais severo a mais brando.

1. Dificuldade de relacionamento com outras crianças

2. Riso inapropriado

3. Pouco ou nenhum contato visual

4. Não quer ser tocado

5. Isolamento; modos arredios

6. Gira objetos

7. Cheira ou lambe os brinquedos, Inapropriada fixação em objetos

8. Perceptível hiperatividade ou extrema inatividade

9. Ausência de resposta aos métodos normais de ensino

10. Aparente insensibilidade à dor

11. Acessos de raiva - demonstra extrema aflição sem razão aparente



12. Procedimento com poses bizarras (fixar objeto ficando de cócoras; colocar-se de pé numa perna só; impedir a passagem por uma porta, somente liberando-a após tocar de uma determina maneira os alisares)

13. Ecolalia (repete palavras ou frases em lugar da linguagem normal)

14. Insistência em repetição, resistência à mudança de rotina

15. Age como se estivesse surdo

16. Dificuldade de comunicação em expressar necessidades - usa gesticular e apontar no lugar de palavras

17. Não tem real noção do perigo

18. Irregular habilidade motora - pode não querer chutar uma bola, mas pode arrumar blocos

ALGUNS ESPECTROS DO AUTISMO

Ao conjunto de determinadas variações, chamamos de Espectro do Autismo, pois somam-se as características autísticas, outras específicas de cada grupo de outros sintomas.

Distúrbio Abrangente do Desenvolvimento

Autism - High Functioning, Asperger’s Syndrome, PDD, PDD-NOS.\



CAUSAS DO AUTISMO

A causa específica, ainda é desconhecida mais há várias suspeitas de que pode compreender alguns desses fatores:

Influência Genética
Vírus
Toxinas e poluição.
desordenes metabólicos
Intolerância inmunologica
Infecções virais e grandes doses de antibioticos nos primeiros 3 anos.
SOBRE METAIS PESADOS - Uma das possíveis causas

Os seres vivos necessitam de pequenas quantidades de alguns desses metais, incluindo cobalto, cobre, manganês, molibdênio, vanádio, estrôncio, e zinco, para a realização de funções vitais no organismo. Porém níveis excessivos desses elementos podem ser extremamente tóxicos. Outros metais pesados como o chumbo e cádmio e o mercúrio já citado antes, não possuem nenhuma função dentro dos organismos e a sua acumulação pode provocar graves doenças, sobretudo nos mamíferos.

Quando lançados como resíduos industriais, na água, no solo ou no ar, esses elementos podem ser absorvidos pelos vegetais e animais das proximidades, provocando graves intoxicações ao longo da cadeia alimentar.

A ingestão, inalação ou absorção pela pele, de metais pesados ou substâncias que componham o mesmo, pode resultar em situações como o autismo, atraso mental, doenças, cansaço ou o sindroma do Golfo.

Porém ainda que sendo apenas uma hipotése , ela não deixa de ter boas bases científicas e hoje os laboratórios começam a abandonar o uso do mercúrio como conservante, em parte devido à pressão da opinião pública.

Mesmo que esse seja o motivo para o autismo não é o único. Existem diversas substâncias que estamos a acostumados de certo modo e algumas nos são impostas no convívio social como tabaco, poluição (sobretudo os gases de escape dos automóveis e fábricas), álcool, vemos que estamos vivendo num mundo demasiado poluído e que pode agravar toda esta situação.

A Medicina Alternatica Complementar (CAM), portanto, pode ajudar pessoas com autismo. Ao verificar qual foi o dano causado no organismo (seja no sistema imunológico, alérgias ou outros problemas) e trabalhar na busca de uma solução, existem dietas, tratamentos farmacológicos e terapias que em conjunto podem auxiliar a solucionar ou amenizar situações graves. E todo e qualquer tratamento iniciado precocemente terá melhores resultados.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Metais_pesados
Extraido do site www.artigos.autismoinfantil.com.br

domingo, 8 de agosto de 2010

NEURÔNIOS APRESENTAM DISFUNÇÃO QUÍMICA LIGADA AO DESENVOLVIMENTO CEREBRAL.

AUTISMO - Neurônios apresentam disfunção química ligada ao desenvolvimento cerebral
O autismo, um dos distúrbios neurológicos mais comuns em recém-nascidos, é uma doença de origem complexa que, há décadas, desafia a pesquisa médica. É provável que fatores ambientais, como a exposição a metais pesados, pesticidas ou outros agentes tóxicos, desempenhem um papel no aparecimento dessa intrigante condição ou na ampliação de seus sintomas. Mas boa parte dos estudos tenta avançar na compreensão da intrincada base genética do autismo, que pode ser causada por um número ainda desconhecido de mutações e alterações em diferentes genes ou trechos do genoma humano. Uma equipe de pesquisadores brasileiros acredita ter encontrado uma pista sobre um dos mecanismos que pode estar por trás do surgimento da doença, caracterizada por comportamentos repetitivos e uma séria dificuldade de comunicação e de integração social.

A partir de dentes de leite de uma criança de 5 anos com autismo atendida no Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) financiados pela FAPESP, os cientistas obtiveram células- -tronco de pluripotência induzida (iPSC, na sigla em inglês) e as transformaram em neurônios no laboratório. Dessa forma, puderam observar uma importante alteração num determinado canal de cálcio cujo bom funcionamento é de extrema importância nos estágios iniciais do processo de desenvolvimento dos neurônios. “Há menos cálcio alterando a ativação de vias celulares que podem estar relacionadas com o aparecimento do autismo nesse caso”, comenta a geneticista Maria Rita Passos Bueno, da USP, uma das autoras do estudo, ainda não publicado, que analisa a genética da doença há uma década. A obtenção da linhagem de iPSC e de neurônios com autismo ocorreu no laboratório do brasileiro Alysson Muotri na Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD), onde uma aluna de doutorado de Maria Rita, a bióloga Karina Griesi Oliveira, passou um ano aprendendo essa nova técnica de reprogramação celular. Os neurônios de pacientes com autismo apresentam também uma morfologia distinta das células nervosas normais, segundo a literatura científica. Eles têm um núcleo menor e suas ramificações são em número reduzido. “Isso pode significar que há um problema de desenvolvimento ou de maturação dos neurônios”, afirma Muotri.

A hipótese parece fazer sentido, visto que a equipe do brasileiro em San Diego encontrou resultados semelhantes ao estudar os neurônios de pacientes com outra desordem do desenvolvimento cerebral, a síndrome de Rett, obtidos igualmente a partir de células iPSC derivadas da pele. Embora apresente alguns sintomas similares ao autismo clássico, esse distúrbio afeta quase exclusivamente as garotas e tem uma causa bastante precisa: mutações no gene MeCP2, localizado no cromossomo X, causam a imensa maioria dos casos da doença. Esse gene contém as instruções para a síntese de uma proteí­na, também denominada MeCP2, que é importante para o desenvolvimento do cérebro e atua como uma espécie de chave bioquímica para a regulação de outros genes. Anomalias que afetam a produção dessa proteína acabam alterando o padrão de funcionamento de outros genes. Coincidentemente, no caso dos neurônios derivados de iPSC dos pacientes com síndrome de Rett ficaram constatadas alterações em vias químicas que também dependem do cálcio para serem ativadas, uma disfunção similar à encontrada no paciente brasileiro com autismo. “Pode ser que a proteína MeCP2 seja importante para a regulação da via de cálcio”, diz Muotri.

Rearranjo de cromossomo - No estágio atual dos estudos, é impossível afirmar se o canal de cálcio está implicado em todos os casos de autismo (e de outras desordens neurológicas similares) ou em apenas um pequeno número de manifestações da doença. Especificamente na síndrome de Rett, o quadro é mais simples. A causa genética da doença é conhecida e modelos animais mostram que, se os níveis da MeCP2 forem normalizados, os sintomas da síndrome diminuem. No autismo, a situação é mais complicada e nuançada. Não há apenas um gene ou um grupo de genes associado ao surgimento da doença. São conhecidas algumas alterações genéticas ligadas ao autismo, mas não se sabe quantas mais podem existir. A criança brasileira que forneceu os dentes para o trabalho das equipes da USP e da UCSD, por exemplo, desenvolveu o distúrbio neurológico em razão de uma rara alteração envolvendo segmentos de dois de seus cromossomos. Um trecho da sequência genética normalmente encontrada no cromossomo 3 trocou de lugar com um pedaço do cromossomo 11. Esses chamados rearranjos do carió­tipo, do conjunto de cromossomos de um organismo, podem eventualmente resultar em doenças. “Menos de 5% dos autistas apresentam rearranjos cromossômicos”, diz Karina.

No Centro de Estudos do Genoma Humano, os pesquisadores caracterizaram outros dois casos de autismo devido a esse tipo de anormalidade genética, um com um rearranjo nos cromossomos X e 2 e outro com alteração nos cromossomos 2 e 22. Com o auxílio do pesquisador Matthew State da Universidade de Yale, Karina conseguiu precisar o local exato em que os cromossomos dos três pacientes estudados se romperam. Às vezes, a ruptura se dá no meio da sequência de um gene, que, avariado, perde sua funcionalidade. Se for um gene importante, o problema pode causar distúrbios. “Se encontrarmos mais mutações ou rearranjos genéticos associados ao autismo e a problemas na ativação desse canal de cálcio, a hipótese de que essa via química é realmente importante para o aparecimento da doença ganhará força”, diz Maria Rita. Se a ideia se mostrar correta, os pesquisadores poderão, no futuro, averiguar a ação de fármacos que atuam nessa via química em modelos animais com quadro similar ao autismo ou diretamente em neurônios humanos, derivados de células iPSC. “Podemos tentar desenvolver novos compostos ou mesmo testar moléculas já conhecidas que hoje estão disponíveis nas bibliotecas de drogas das empresas de biotecnologia. O uso de neurônios derivados de iPSC de cada paciente para a triagem de novas drogas é o primeiro passo para uma medicina personalizada”, afirma Muotri.

Fonte: Pesquisa FAPESP Online

Postado por MIGUEL ANTONIO BRANDT CRUZ às 13:03

domingo, 1 de agosto de 2010

COMO LIDAR COM OS DISTURBIOS MENTAIS NA INFÂCIA

João*, de 8 anos, não sorria para os familiares, não gostava de contato social e era agressivo com os pais. Conheça a história da mãe que teve de aprender a amar seu filho
Eliseu Barreira Junior
Os craques santistas Neymar, Paulo Henrique Ganso e Robinho são os três ídolos de João*, de 8 anos. Assim como muitos garotos da sua idade, ele adora futebol e toda semana se reúne com os coleguinhas de escola para jogar uma "pelada". "Sou meia-atacante", diz orgulhoso. Na vida de João, porém, o esporte é mais que uma paixão ou divertimento. É uma forma dele se socializar e superar as dificuldades de um grave transtorno de desenvolvimento que já trouxe muita preocupação para sua mãe, a engenheira química Cláudia*.

O filho tão desejado por Cláudia nasceu em um parto complicado. Por causa disso, ele teve de ficar internado durante dez dias antes de ir para casa com a mãe. Conforme crescia, João demonstrava um comportamento pouco comum: não sorria para os familiares, não gostava de contato social, era agressivo com os pais sem motivo, não reagia afetivamente e não falava. Para a família, tudo aquilo parecia natural, coisa de criança. Até que, ao completar 1 ano e 8 meses, ele passou a frequentar um berçário. No ambiente escolar, ficou evidente que havia algo de errado: João batia nas outras crianças, não gostava das professoras e evoluía de modo incompatível com a sua idade. Os profissionais do berçário recomendaram então que Cláudia procurasse ajuda médica.

Levado a um psicólogo, foi constatado que João apresentava traços de uma criança autista, apesar de não ter autismo. O diagnóstico: Transtorno Global do Desenvolvimento. Sob o nome, estão incluídos graves distúrbios emocionais e transtornos relacionados à saúde mental infantil. "Os problemas dessas crianças não vêm necessariamente de uma debilidade intelectual nem de uma debilidade física", afirma Maria Cristina Kupfer, professora do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP) e estudiosa da psicose e autismo infantis há mais de vinte anos. "Seus problemas vêm de uma falha precoce no estabelecimento da relação com os outros."

Isso quer dizer que, para crianças como João, a construção do psiquismo voltado para o convívio social não se fez convenientemente. Nosso psiquismo (ou nossa personalidade) é construído para ser um instrumento de relação com os outros, uma espécie de porta aberta para o mundo. "A falha nesse processo é resultado de dificuldades, acidentes, entraves ou impasses ocorridos durante o processo de estruturação subjetiva da criança", diz a psicanalista Enriqueta Nin Vanoli, da equipe multidisciplinar da Associação Serpiá (Serviços Psicológicos para a Infância e Adolescência), de Curitiba (PR).

A análise do histórico de vida de João pode ajudar a entender como o problema se desenvolveu. Cláudia conta que o fato do menino não corresponder aos carinhos que recebia ainda bebê, evitar o seu olhar e não esboçar nenhum tipo de sentimento criou uma barreira entre ambos. Ela sonhara com um modelo ideal de criança a que João não correspondia. A frustração impedia uma proximidade, uma relação genuína de mãe e filho. "Era como se o João fosse uma criança qualquer. Apesar de estar ao seu lado fisicamente sempre, não conseguia me aproximar emocionalmente. Ele cresceu isolado de mim", afirma. Cláudia acredita que o problema no parto, de certa forma, criou uma ferida psicológica que marcou o garoto. "A verdade é que eu também tinha dificuldade de amar meu filho, talvez pelo meu histórico familiar. Cresci num ambiente em que as pessoas eram muito fechadas. Costumava me julgar uma pessoa carinhosa, mas dar carinho é diferente de dar amor."

O relato de Cláudia revela dois elementos que os especialistas costumam notar nos casos em que o Transtorno Global de Desenvolvimento é diagnosticado. Em primeiro lugar, há uma enorme dificuldade para os pais aceitar o não-olhar dos filhos, interpretado como falta de afeto por parte da criança. Em segundo lugar, o problema sempre envolve o menor e o adulto responsável por sua criação, ou seja, ele não pode ser concebido como um fenômeno que acontece com somente uma pessoa. “É preciso tomar cuidado, porém, para não culpar os pais, porque são coisas que não costumam passar pela consciência deles”, diz Jussara Falek Brauer, professora aposentada e coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas Psicanalíticas dos Distúrbios Graves na Infância do IP-USP. “A criança pode estar respondendo a algo de errado que está na mãe e que, às vezes, nem a própria mãe sabe que tem. Só por meio de análise é possível descobrir o que está acontecendo.”

Um estudo epidemiológico feito em 2008 pelo pesquisador americano Myron Belfer mostrou que até 20% das crianças e adolescentes sofrem de algum transtorno mental grave. Se for considerado o espectro autístico, pode-se falar em uma criança em cada 150, de acordo com a agência Centers for Disease Control e Prevention (ou CDC), do departamento de saúde e serviços humanos dos Estados Unidos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta uma taxa de 12% a 29% de prevalência de transtornos mentais na infância. De forma geral, a incidência de distúrbios como o de João é maior em meninos do que em meninas. Diagnosticar problemas psiquiátricos em crianças, no entanto, costuma ser difícil. "A partir de seis meses de idade, uma criança já pode mostrar sinais de autismo, como o não-olhar para a mãe, mas isso isoladamente não quer dizer que ela vá se tornar autista", afirma Maria Cristina. "É muito perigoso pegar um rótulo e colocar num bebê, porque ele vai procurar responder àquilo que todo mundo está falando que ele tem", diz Jussara.

Daí a necessidade de um diagnóstico feito por profissionais especializados. "Um bom acompanhamento médico é fundamental. Ele envolve um trabalho que deve considerar uma série de fatores, além da sutileza e singularidade de cada caso", diz Enriqueta. Foi o que aconteceu com João. Após a primeira consulta médica, ele já começou um tratamento que buscava reatar o diálogo perdido com os outros. Sua mãe também passou a se consultar com a mesma psicóloga responsável pelo acompanhamento do filho. "Nas sessões, eu aprendi como superar as minhas dificuldades de relacionamento com ele", afirma Cláudia.

Trabalhar a mãe e a criança com o mesmo profissional, mas em sessões individuais, é um dos segredos para o sucesso do tratamento. "Esse trabalho conjunto vai na direção da reconstituição da história familiar. A partir dele, tenta-se desfazer o emaranhado que cria problemas para a criança", afirma Jussara. A experiência da professora da USP mostra que 90% dos 105 menores que atendeu ao longo de sua pesquisa clínica na universidade deixaram de apresentar os sintomas que os levaram ao médico pela análise e correção do que havia de errado entre mãe e filho.

Seis anos após o início do tratamento, João leva hoje uma vida normal. Ele vai a uma escola comum – João está na segunda série do ensino fundamental de um colégio particular de São Paulo – , estuda inglês e, além de futebol, pratica natação e capoeira. Agora, convive bem socialmente, não se isola mais, gosta de conversar e qualquer dificuldade que tem recorre à ajuda da mãe. "Ele aprendeu a expressar muito bem o que sente. O distanciamento que existia antes acabou", diz Cláudia. Como João demorou para desenvolver seu lado social, o menino ainda apresenta algumas reações que não são adequadas, como querer exclusividade quando está brincando com um amiguinho.

Para mudar comportamentos como esse, ele frequenta duas vezes por semana a Associação Lugar de Vida, dedicada ao tratamento e à escolarização de crianças psicóticas, autistas e com problemas de desenvolvimento. Localizado no Butantã, na zona oeste de São Paulo, o Lugar de Vida iniciou suas atividades em 1990 como um serviço do Departamento de Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade do IP-USP. Lá, João participa de Grupos de Educação Terapêutica (GETs) com outras crianças. Há dois focos de trabalho nos GETs: o primeiro compreende atividades como movimentação em brinquedos de grande porte, corridas, jogos de pátio com regras simples, encenação de pequenas peças, aprendizado de músicas e escuta de relatos de histórias – atividades, em geral, de cooperação grupal para o desenvolvimento do laço social; o segundo foco é na escrita e compreende atividades para o desenvolvimento do desenho, do grafismo e da superação das dificuldades de alfabetização. Para os pais, há uma reunião uma vez por semana em que eles podem conversar sobre os problemas dos filhos com a mediação de uma psicóloga. Nos encontros, compartilham suas dúvidas, obtêm esclarecimentos e trocam experiências."É bom participar desse tipo de reunião porque a gente percebe que não está sozinha nisso", afirma Cláudia.

Contar com o auxílio de bons profissionais e abraçar o problema para superá-lo – sem buscar um culpado – foram os principais elementos para a melhora do filho, segundo Cláudia. “Se o pai e a mãe não estão ali para ajudar, nada adianta. No começo, eu e meu marido ficamos muito atormentados com o que estava acontecendo, e juntos conseguimos enfrentar a situação”. A mãe coruja diz que João já sabe o que quer ser quando ficar mais velho: jogador de futebol do Santos, seu time do coração. O menino que antes não sabia se relacionar se apaixonou por um esporte em equipe e ensinou sua mãe a amá-lo.

* Os nomes foram trocados para preservar a identidade do menor e da mãe
REVISTA ÉPOCA

DIVULGAÇÃO DO PROJETO DE LEI PARA ATENDIMENTOS AOS AUTISTAS

Projeto de lei da autoria do Senador Paulo Paim em defesa dos direitos do autista brasileiro e seus familiares.( No Estado do Rio de Janeiro o projeto é do Dep. Audir Santana )
Através da ADEFA ( Associação em Defesa do Autista) o Senador ficou ciente da situação de abandono em que se encontra os autistas no Brasil e tomou as providências cabíveis decididas em Audiência Pública no Senado Federal, com a participação de diversas entidades ligadas à causa.
Sensibilizado com a delicadeza da situação vivênciada por crianças e adultos portadores da síndrome, deu seguimento ao projeto de lei abaixo descrito que já se encontra PROTOCOLADO pela diretoria da ADEFA na Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal.
Atenciosamente
Berenice Piana de Piana

ADEFA
Diretora Administrativa

resolve:




Art. 1º. Esta lei estabelece os direitos fundamentais da pessoa autista ou portadora de outros transtornos Globais do desenvolvimento (TGD), bem como define os deveres do poder Público para sua efetivação.
§1º. São direitos da pessoa com autismo e outros transtornos globais do desenvolvimento, a vida digna, a igualdade, a saúde, a integridade física e moral, o livre desenvolvimento da personalidade, a educação e o trabalho, não excluídos outros definidos em Lei ou inerentes à pessoa humana.
§2º. A pessoa autista ou com outros transtornos globais do desenvolvimento não será submetida a tratamento desumano ou degradante, não será privada de sua liberdade ou do convívio familiar, nem sofrerá discriminação por motivo da deficiência que porta.
§3º É dever da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, nos limites de suas competências constitucionais, a defesa dos direitos das pessoas especificadas no Parágrafo anterior, e a promoção de políticas públicas para sua plena efetivação.
Art. 2º Fica instituído o Sistema Nacional Integrado de Atendimento à Pessoa Autista, no âmbito do Território Nacional, bem como as diretrizes para plena efetivação dos direitos fundamentais consagrados na Constituição da República Federativa do Brasil às pessoas autistas e a portadores de outros Transtornos Globais do Desenvolvimento.
Art. 3º Para os efeitos desta lei, entende-se por:
I – TGD – Transtornos Globais do Desenvolvimento - Grupo de transtornos caracterizados por alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e modalidades de comunicação e por um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Estas anomalias qualitativas constituem uma característica global do funcionamento do sujeito, em todas as ocasiões”, conforme a Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial de Saúde (OMS);
II – Pessoa autista – a pessoa portadora de deficiência, diagnosticada com algum dos Transtornos Globais do Desenvolvimento;

III – Profissional da educação – todo trabalhador que realize suas funções no âmbito das instituições de ensino ou análogas, e que, para exercê-las, tenha contato com os alunos que ali frequentam e possua formação em conformidade com o exercício de sua atividade;

IV – Profissional de saúde – todo trabalhador que realize suas funções no âmbito das instituições de saúde e que, através de suas funções, direta ou indiretamente, defenda o bem-estar das pessoas ali atendidas e tenha formação em conformidade com o exercício de sua atividade;

V – diagnóstico precoce – a identificação, dentro dos três primeiros anos de vida, dos sintomas característicos do autismo e outros Transtornos Globais do desenvolvimento, e, ainda que não se trate de conclusão médica definitiva, deverão ser indicadas intervenções precoces;

VI – atendimentos terapêuticos –Intervenções afeitas à área de saúde que façam uso de métodos considerados eficazes ao tratamento das pessoas autistas, incluindo os alternativos à medicina tradicional, tais como: Psicoterapia, Psicopedagogia, Psicomotricidade, Fisioterapia, Terapia Fonoaudiológica, Terapias Comportamentais ABA, Terapias relacionais Son-rise, DIR/Floor time, Terapias Educacionais TEACH, PECs, Terapia Ocupacional, Musicoterapia, Terapia0020de0020’’Integração Sensorial e Auditiva AIT e Intervenções nutricionais adequadas), entre outras disponíveis, visando à minimização dos sintomas específicos dos transtornos globais do desenvolvimento;

VII- Nutrição Adequada – dieta adequada ao desenvolvimento da pessoa autista ou com outros transtornos globais do desenvolvimento, incluindo a terapia nutricional;

VIII – Atenção domiciliar – Acompanhamento domiciliar, por meio de terapeutas ocupacionais ou psicopedagogos, incumbidos de fornecer o suporte necessário às famílias que tenham pessoas autistas ou com outros transtornos globais do desenvolvimento, como forma de estimular a fala, a cognição e a interação social;

Art. 4º A pessoa diagnosticada como autista ou portadora de Transtorno Global do Desenvolvimento é reconhecida como pessoa portadora de deficiência, disto decorrendo todos os benefícios legais e a proteção especial estatal dispensados aos portadores de deficiência, notadamente as garantias previstas na Constituição da República Federativa do Brasil e nas normas infra-constitucionais.
Art. 5º O Sistema Nacional Integrado de Atendimento à Pessoa Autista incluirá a União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios e consistirá na reunião e comunicação dos diversos serviços prestados às pessoas autistas ou com outros transtornos globais do desenvolvimento em todo território nacional, constituído de:
I – Serviços de saúde;
II – Serviços de educação;
III – Serviços de assistência social;
IV – Serviço de informação e cadastro;
V – Acompanhamento nutricional, incluindo dieta adequada e nutracêuticos;
VI – Serviços Terapêuticos à pessoa com autismo, aos transtornos relacionados e à família;
Art. 6º O Sistema Nacional Integrado de Atendimento à Pessoa Autista deverá reunir os representantes dos órgãos e entidades da Administração Pública direta e indireta em todos os níveis federativos, visando a integrar as ações governamentais voltadas às pessoas autistas ou com outros Transtornos Globais do Desenvolvimento.
Parágrafo Único. Para a implementação dos tratamentos e de outros atendimentos às pessoas autistas ou com outros transtornos globais do desenvolvimento, constantes no Sistema Nacional Integrado de Atendimento à Pessoa Autista, poderão ser firmados convênios e parcerias com pessoas jurídicas de direito privado, sob supervisão e fiscalização de entidades do Poder Público.
Art. 7º - Para a efetivação do direito à saúde das pessoas especificadas nesta lei, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, garantirão, na rede pública de saúde, atendimento adequado às especificidades do organismo de cada indivíduo:
I – diagnóstico precoce, ainda que não definitivo, mas indicativo;

II – atendimento médico, psiquiátrico, neurológico, psicológico, fisioterapêutico, fonoaudiológico e nutricional, incluindo tratamentos terapêuticos alternativos (medicina complementar);

III – Capacitação específica sobre autismo e outros TGD regularmente a todos os profissionais da rede pública de saúde e para as equipes das unidades de pronto atendimento sob responsabilidade do Poder Público, bem como do corpo de bombeiros, polícias militares e todo serviço público de auxílio à vida;

V – Qualificação profissional em TGD das equipes de trabalho dos centros de atendimento psicossocial – CAPS;

VII – Acesso a medicamentos e nutrientes necessários, incluindo o fornecimento de nutracêuticos, com vistas à complementação das necessidades nutricionais da pessoa autista.
Art. 8º O atendimento à saúde da pessoa autista, incluindo o atendimento oferecido pelos planos privados de saúde, deve observar as necessidades específicas de tratamento da pessoa com autismo ou outros transtornos globais do desenvolvimento, quanto aos profissionais e quanto à carga horária adequados ao tratamento digno e efetivo.
Parágrafo único. A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, nos limites de suas competências constitucionais, garantirão à pessoa autista ou com outros transtornos globais do desenvolvimento, o ´padrão mínimo de tratamento consistente no atendimento por profissionais psicólogos, fonoaudiólogos, e terapeutas ocupacionais numa carga horária de pelo menos 12 horas semanais, devendo o programa de tratamento adaptar-se às necessidades individuais, além de acompanhamento nutricional e neurológico.
Art. 9º - No tocante ao direito à educação, o Sistema Nacional Integrado de Atendimento à Pessoa Autista deverá incluir, obrigatoriamente, serviços de educação especializada em pelo menos 3 (três) áreas:
I - educação da criança e do adolescente autista inserido em ambiente escolar da rede regular de ensino;
II - a educação da criança e do adolescente autista em classe especial;
III - a inserção ou reinserção educacional e o ensino profissionalizante do jovem ou adulto autista.
§1º Fica assegurada a adaptação curricular (educação personalizada e individualizada) da criança com autismo, oferecendo-se o suporte psicopedagógico para seu aprendizado, desenvolvimento da personalidade e integração social.
§2º É garantida a manutenção de estrutura pedagógica e material escolar adaptada às especiais necessidades educacionais da pessoa autista ou com outros transtornos globais do desenvolvimento.
§3º É garantido o treinamento dos profissionais da educação, seja para participar direta ou indiretamente da educação das pessoas com autismo e transtornos relacionados.
Art. 10. À criança e ao adolescente inseridos na rede regular pública de ensino, é dever do Estado, em todos os níveis federativos e nos limites de suas competências constitucionais, garantir o suporte escolar dentro do turno e complementação especializada no contraturno.
I – Nas unidades de ensino, haverá programa de acompanhamento pedagógico para os alunos autistas, coordenado por educadores especializados ), que tenham a função facilitadora de mediar, orientar e sugerir estratégias e adaptações curriculares, favorecendo a compreensão, pela pessoa autista, do conteúdo ensinado e ampliando suas possibilidades de interação com a sociedade.
II – Nos casos indispensáveis, deve ser disponibilizado profissional habilitado e capacitado para o trabalho, propiciando a intermediação entre professor e aluno em sala de aula.
III – Além das atividades regulares do turno de ensino, no contraturno, serão oferecidos atendimentos psicopedagógicos especializados, que contemplem a individualidade de cada aluno com autismo e transtornos relacionados.
IV - Deverá ser promovida a conscientização dos demais alunos sobre as características das pessoas autistas ou com outros transtornos globais do desenvolvimento, com vistas a proporcionar-lhes o acolhimento social pelos demais estudantes.
Art. 11. O poder Público assegurará À criança e ao adolescente autista ou com outros transtornos globais do desenvolvimento, cujas necessidades especiais impeçam ou dificultem sua inserção em rede regular de ensino, a criação de classes especializadas inseridas na rede regular de ensino ou de centros de ensino especiais, que disponham de classes especializadas ao ensino e acompanhamento psicopedagógico do aluno autista.
§1º. – Nessas classes, com número reduzido de estudantes, haverá acompanhamento individualizado ao aluno autista ou com outros transtornos globais do desenvolvimento, objetivando, quando possível, sua integração à rede regular de ensino.
§2º. – Além das atividades regulares do turno de ensino, no contraturno, devem ser oferecidos atendimentos psicopedagógicos especializados, que contemplem a individualidade de cada aluno com autismo e transtornos relacionados.
Art. 12. Aos adultos e aos adolescentes autistas, o Poder Público assegurará o acesso a cursos e oficinas profissionalizantes, o acompanhamento psicopedagógico no âmbito das unidades públicas de Ensino Superior e a educação especializada aos que não tiverem sido devidamente escolarizados, nos centros de ensino enunciados no artigo anterior, preferencialmente em turmas de mesma faixa etária, ou nas turmas regulares de ensino, quando possível.
§1º. –O Poder Público deverá oferecer atendimento educacional especializado às especificidades do adolescente ou adulto autista, priorizando a superação das defasagens educacionais, motoras e comunicativas.

§2º. – Aos jovens e adultos com autismo ou outros transtornos globais do desenvolvimento inseridos na rede pública de ensino superior, é assegurado o acompanhamento psicopedagógico especializado, orientado à pessoa autista e a seus professores.

§3º. – Serão criadas oficinas permanentes de formação profissional ou artística, voltadas para a pessoa com autismo, familiares e comunidade, buscando a integração social e a colocação profissional do adulto com autismo e possibilitando o exercício pleno de seu direito à cidadania. As oficinas devem ser inseridas no ambiente escolar, com suporte terapêutico e psicopedagógico durante as atividades.

§4º – Para a inserção do jovem e do adulto autistas no mercado de trabalho, além dos cursos profissionalizantes referidos no inciso anterior, serão realizados programas de incentivo e orientação às empresas acerca da contratação de pessoas com TGDs.
§5º – Aos servidores públicos civis e militares portadores de Transtorno Global do Desenvolvimento, será concedido horário especial, quando comprovada a necessidade por junta médica oficial, independentemente de compensação de horário. Essa previsão é extensiva ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente portador de Transtorno Global do Desenvolvimento, exigindo-se, porém, neste caso, compensação de horário.
Art. 13. - É garantido o direito à informação das pessoas especificadas nesta Lei e sua família, através do acesso a informações que auxiliem no diagnóstico e tratamento das pessoas autistas ou com outros transtornos globais do desenvolvimento e do incentivo à realização de pesquisas e de formação acadêmica em temas correlatos.
§1º Serão promovidas, com periodicidade mínima anual, campanhas de esclarecimento à população no tocante às especificidades das pessoas autistas ou com outros transtornos globais do desenvolvimento, através de meios de comunicação diversos, como televisão, radiodifusão, jornais, revistas, cartazes, fôlderes, panfletos, DVDs e cartilhas, inclusive para disseminação de informações junto às polícias civil, militar e corpo de bombeiros.
§2º As unidades da rede pública de saúde deverão disponibilizar permanentemente material informativo acerca dos sintomas para diagnóstico dos Transtornos Globais do Desenvolvimento, em linguagem acessível à população brasileira.
§3º Será preconizada a formação acadêmica que contemple temas atualizados sobre transtornos globais do desenvolvimento, nos cursos das áreas de saúde, educação e assistência social, assim como realizados programas de qualificação para o atendimento à pessoa autista aos profissionais dessas áreas.
§4º Haverá incentivos à pesquisa acadêmica relacionada aos Transtornos Globais do Desenvolvimento.
Art. 15. O direito ao uso dos meios de transportes públicos fica assegurado às pessoas autistas ou com outros transtornos globais do desenvolvimento, , na forma da Lei que disciplinar a gratuidade às pessoas portadoras de deficiência.
Art. 16. Para a garantia do direito à moradia da pessoa autista, serão oferecidas alternativas residenciais para aqueles que tenham perdido sua referência familiar, consoante as modalidades descritas abaixo:
I – Programas de adoção de pessoas autistas, com apoio à família, acompanhamento e fiscalização pelo Estado;

II – Para os casos em que não seja possível a inserção familiar, seja por abandono ou por falecimento dos familiares, residências assistidas e instituições de tratamento e repouso.

Art. 17. Será criado e mantido, pela União, um cadastro único das pessoas autistas, com as finalidades de traçar estatísticas nacionais precisas quanto aos portadores de Transtornos Globais do Desenvolvimento, bem como coordenar a alocação das políticas públicas destinadas às pessoas autistas.

Parágrafo Único. É vedada a utilização dos dados do cadastro referido no caput de forma discriminatória ou vexatória aos portadores de Transtornos Globais do Desenvolvimento.
Art. 18. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de 12 (doze) meses a contar da data de sua publicação.
Art. 19. esta lei entra em vigor na data de sua publicação.






JUSTIFICATIVA
Este projeto de lei tem o intuito de instituir o Sistema Nacional Integrado de Atendimento à Pessoa Autista, incluindo-se nesse conceito o portador de qualquer um dos Transtornos Globais do Desenvolvimento, consoante a Classificação Internacionais de Doenças da Organização Mundial de Saúde.
Na décima versão da Classificação Internacional de Doenças (CID- 10) da Organização Mundial de Saúde (OMS), os Transtornos Globais do Desenvolvimento, agrupados sob o código F84, são definidos como: “Grupo de transtornos caracterizados por alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e modalidades de comunicação e por um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Estas anomalias qualitativas constituem uma característica global do funcionamento do sujeito, em todas as ocasiões.”
Os portadores de Transtornos Globais do Desenvolvimento apresentam dificuldades cognitivas e comunicativas, que dificultam sua integração social. São, por conseguinte, frequentes vítimas de discriminação e de tratamento desumano ou degradante. Esporadicamente, jornais e revistas renomados tem veiculado matérias relativas às pessoas autistas em condições subumanas, a saber, Jornal Extra de 1999 “Menino autista abandonado pela Mãe em frente ao Hospital Psiquiátrico Pedro II”; Jornal Estadão de São Paulo de 2005 “Pais lutam contra o descaso”; Jornal O Globo de 2006 “Meninos do Porão”; Revista Época de 2007 “Um novo olhar sob o mundo oculto do autismo”; Jornal do Brasil de 2008 “Brasil corre o risco de ser condenado na OEA”; Revista Época de 2008 “Autistas em cativeiro”, entre outros. (Tenho duvidas em deixar essa parte da reportagem)

Além das peculiaridades cognitivas e relacionais, os portadores de Transtornos Globais de Desenvolvimento podem apresentar comprometimento fisiológico, necessitando de acompanhamento médico especializado. A expectativa de vida da pessoa autista, de acordo com a existência de transtornos fisiológicos relacionados, costuma ser inferior à média da população.
O diagnóstico e o tratamento especializado precoces são essenciais para a integração social e para a integridade física e moral dos portadores de Transtornos Globais do Desenvolvimento. Contudo, ainda não estão disponíveis pelo Estado, em âmbito nacional, o adequado tratamento e o serviço educacional especializado, havendo, quanto a este, dificuldade de inserção da pessoa autista inclusive na rede privada de ensino. O tratamento ao portador de Transtorno Global do Desenvolvimento, quando disponível nas instituições públicas, é comumente realizado em conjunto com outros deficientes mentais, sem que se disponibilize um programa especializado. O tratamento fornecido pelo Estado às pessoas autistas, além de não especializado, é esporádico e pulverizado, não existindo um lugar que reúna todas as atividades necessárias a seu desenvolvimento em horário integral.
Cita-se, neste sentido, o depoimento do médico neurologista infantil, especialista em autismo infantil, o Dr. Adailton Pontes (CRM 52-29576-6), do Instituto Fernandes Figueira – Fundação Oswaldo Cruz – Ministério da Saúde. Este, sobre o tratamento adequado ao autista, afirma que: “o tratamento do autismo é essencialmente de reabilitação multidisciplinar, incluindo, no mínimo, os seguintes profissionais: fonoaudiólogo especializado em linguagem, psicólogo especializado em desenvolvimento, pedagogo especializado no atendimento às crianças excepcionais, terapeutas ocupacionais e, quando necessário, psiquiatra infantil.” Sobre o descaso estatal, sabendo-se não haver centros de ensino e tratamento especializados em número suficiente, aduziu que: “Certamente, a falta de verbas e de uma estrutura organizada para este tipo de atendimento é a principal causa das dificuldades enfrentadas pelas famílias destas crianças.”, concluindo também que: “Os prejuízos da omissão do Estado são severos, [...]. Essas crianças, sem o atendimento adequado, certamente estarão excluídas da sociedade, além do enorme sofrimento que é causado às famílias”.
Estatísticas citadas pela Revista Época, n° 473, de 11 de junho de 2007, apontam que uma em cada cento e cinquenta crianças nascidas atualmente seja autista. Considerando o grande número de portadores de autismo e de outros Transtornos Globais do Desenvolvimento, é fundamental o desenvolvimento de uma política nacional de apoio e atendimento, garantindo-se condições de dignidade e desenvolvimento aos portares de TGDs e a seus familiares.
Estatísticas citadas no site www.autismspeaks.org confirmam através do relatório do E.U Center for Disease Control (CDC), publicado recentemente na morbidade e mortalidade Weekly Report( (MMWR), afirma que 1% ou 1 em cada 110 crianças foram diagnosticadas com autismo, incluindo a 1 em cada 70 meninos americanos. Isto representa um aumento assustador de 57 % de 2002-2006 e um aumento de 600% apenas nos últimos 20 anos.

Estes novos dados reforçam que o autismo é uma urgente e crescente crise de saúde pública, que afeta a maioria dos indivíduos em toda sua vida e exige uma ação urgente dos setores públicos. Infelizmente, no Brasil, não existem dados estatísticos para determinar o número real de autistas brasileiros, Essas crianças, sem o atendimento adequado, certamente estarão excluídas da sociedade, além do enorme sofrimento que é causado às famílias”.
Relevante também o depoimento do médico neurologista infantil, Dr, Adailton Pontes (CRM 52-29576-6) do Instituto Fernandes Figueira – Fundação Oswaldo Cruz – Ministério da Saúde. Este médico é especialista em autismo infantil, pelo que fala com propriedade sobre o assunto (doc.5). Esclareceu que “o tratamento do autismo é essencialmente de reabilitação multidisciplinar, incluindo, no mínimo, os seguintes profissionais: fonoaudiólogo especializado em linguagem, psicólogo especializado em desenvolvimento, pedagogo especializado no atendimento às crianças excepcionais, terapeutas ocupacionais e quando necessário, psiquiatra infantil.” Aduziu também que “o tratamento gratuito especializado no Rio de Janeiro é extremamente precário, pela escassez de profissionais habilitados e clínicas conveniadas com recursos adequados ao atendimento destas crianças. Certamente, a falta de verbas e de uma estrutura organizada para este tipo de atendimento é a principal causa das dificuldades enfrentadas pelas famílias destas crianças.
Para a garantia dos direitos à dignidade, à igualdade, à saúde, à integridade física e moral, ao livre desenvolvimento da personalidade, à informação, à educação e ao trabalho das pessoas portadoras de Transtornos Globais do Desenvolvimento, este projeto de lei determina medidas a serem adotadas pelo Poder Público, por meio de seus órgãos e entidades da Administração Pública direta e indireta ou por meio de convênios ou parcerias com entidades de direito privado.
No tocante ao direito à saúde, preconiza-se um tratamento adaptado às especiais condições fisiológicas dos autistas, que apresentam especial fragilidade nos sistemas imunológico e intestinal. Em razão desta, faz-se necessário um estrito controle da medicação utilizada, sendo indicado, diante das reações negativas à medicação alopática, o acompanhamento médico também realizado por profissionais da medicina complementar.
Em razão das peculiaridades fisiológicas, observa-se uma relação direta entre a alimentação e o comportamento e saúde do portador de TGD. Tem-se verificado, em especial em autistas que conseguiram sucesso terapêutico, a importância da terapia nutricional, que inclui desde a alimentação individualmente indicada à complementação nutricional com medicamentos nutracêuticos.
No tocante ao direito à educação, observa-se que os portadores de TGDs normalmente apresentam dificuldades de concentração, pela incapacidade de manutenção de uma atenção difusa, mas sim concentrada a uma atividade específica. Além dessas, outras especificidades dos portadores de TGD, como as dificuldades no desenvolvimento da linguagem e na relação interpessoal, exigem educação especializada à pessoa autista.
De acordo com o grau de comprometimento das capacidades de comunicação, aprendizado e relacionamento interpessoal, a pessoa autista deve ser inserida ou na rede regular de ensino, ou em classes ou centros de ensino especializados, consoante o diagnóstico profissional indicado. Em ambos os casos, é essencial o acompanhamento psicopedagógico especializado ao aluno autista, o que inclui a realização, no contraturno escolar, de terapias e de outras atividades dirigidas, objetivando-se o desenvolvimento da comunicação, o aprendizado e a integração social da pessoa autista.
Nos casos em que a pessoa portadora de TGD tiver um comprometimento que impeça, provisória ou permanentemente, sua inserção em classes regulares de ensino, determina-se a criação de classes ou centros de ensino especiais ao portador de TGDs. Nas classes especiais de ensino à pessoa autista, a atividade de ensino deve se realizar em classes de pequeno número de alunos. Obtiveram-se resultados satisfatórios em classes de até cinco alunos, no máximo, mantendo-se parte destes em atividades individuais e parte em atenção ao professor, para preconizar-se o desenvolvimento do aprendizado e da capacidade de atenção do aluno portador de TGD. Destaca-se, nesse sentido, a necessidade de separar a atividade de ensino das atividades de socialização, podendo estas se realizarem em grupos de maior número.
Para os casos de portadores de TGDs inseridos na rede regular de ensino, faz-se essencial o acompanhamento individualizado, designando-se, quando necessário, facilitadores entre o aluno autista e a escola junto ao professor responsável pela turma, com a função de auxiliar em seu aprendizado e em sua integração com os demais alunos. Destaca-se, como um problema recorrente, o bullying escolar, sendo, portanto, essenciais atividades de conscientização dos demais alunos sobre as características dos portadores de TGDs, orientadas a proporcionar o acolhimento social da pessoa autista pelos demais estudantes.
Ainda no âmbito do direito à educação, o atendimento à pessoa autista busca a inclusão no sistema de ensino do jovem e adulto portador de TGD que ainda não tenha sido devidamente escolarizado. O ensino deve observar as peculiaridades psicopedagógicas do jovem e adulto autista, indicando-se a inserção na rede regular de ensino ou o ensino em classes ou centros especiais aos portadores de TGD.
Voltadas à educação e ao direito ao trabalho do portador de TGD, devem ser oferecidos cursos profissionalizantes aos autistas, que incluem orientações sobre o comportamento em ambiente de trabalho. Mostram-se como essenciais, perante as empresas, o incentivo à contratação e a orientação às empresas sobre as peculiaridades do trabalho e do relacionamento com os colaboradores portadores de TGDs.
No tocante ao direito à igualdade do portador de TGD, faz-se essencial o reconhecimento deste como portador de deficiência, estendendo-se a esse grupo os benefícios oferecidos, pelas entidades de Direito Público e Privado, aos portadores de deficiência. O combate à discriminação é outra frente importante de ação com vistas à integração social do autista, sendo obtida, dentre outras vias, por meio de campanhas informativas, em âmbito nacional, sobre os Transtornos Globais do Desenvolvimento.
O direito à informação do portador de TGD deve ser garantido através, além das campanhas nacionais de conscientização sobre as características dos TGDs, do incentivo à pesquisa sobre os TGDs e à qualificação profissional adequada. A efetivação dos direitos à saúde e à educação da pessoa autista depende do diagnóstico precoce, sendo uma das garantias relacionadas ao direito à informação a distribuição de cartilhas em linguagem acessível à população, na rede pública de saúde, de modo a auxiliar as famílias na identificação dos sintomas dos TGDs.
Ademais, cabe destacar medidas no sentido de garantir os direitos à moradia e ao transporte da pessoa autista, sendo estes beneficiados pelas vagas destinadas aos portadores de deficiência nos transportes coletivos e nos estacionamentos, facilitando sua locomoção para os centros de ensino e tratamento. No tocante ao direito à moradia, para os autistas adultos que não estejam inseridos em ambiente familiar, preconiza-se sua inserção em locais de tratamento e repouso ou em residências assistidas. Já para as crianças e adolescentes portadores de TGD, deve haver incentivo a sua adoção, realizando-se orientação das famílias e acompanhamento pelo Poder Público.
Quanto ao cadastro dos portadores de Transtornos Globais do Desenvolvimento, faz-se essencial afastar qualquer utilização de caráter discriminatório ou vexatório dos dados do cadastro. Considerando-se que, diferentemente de outros países, não há, no Brasil, características precisas sobre o percentual de portadores de cada categoria de Transtorno Global do Desenvolvimento, o cadastro é de grande importância para o desenvolvimento de pesquisas sobre as causas e o tratamento dos TGDs. Ademais, a elaboração de estatísticas sobre o número de portadores de TGDs em cada Estado e região da Federação é um importante instrumento para orientar a alocação dos recursos e das unidades de ensino e tratamento do Sistema Nacional Integrado de Atendimento à Pessoa Autista.
Por fim, observa-se que tramitam, na Justiça, ações referentes aos direitos dos autistas, nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, além de uma representação contra o Brasil junto à Organização dos Estados Americanos (OEA). Também já existem leis promulgadas nos Estados da Bahia e da Paraíba e no Município do Rio de Janeiro/RJ, que regulam políticas especificas para os autistas e aos profissionais da área de saúde e educação. Contudo, para que se efetivem, em âmbito nacional, os direitos fundamentais dos portadores de Transtornos Globais do Desenvolvimento, consagrados pela Constituição Federal, faz-se necessária a instituição do Sistema Nacional Integrado de Atendimento à Pessoa Autista, estabelecendo-se uma rede estatal permanente de apoio às pessoas portadoras de TGDs e a seus familiares.
Contamos com o apoio de todos os meus pares para a provação desta lei.