domingo, 21 de julho de 2013

Centro de Atendimento a Autistas em Pelotas pode sair do papel Projeto está na fase de organização da infraestrutura do local e de formação dos profissionais para o acolhimento

luta de muitos anos das famílias com autistas de Pelotas finalmente parece chegar ao fim. A prefeitura se organiza para implantar o Centro de Atendimento a Autistas, que funcionará como suporte e orientação às escolas regulares. “É um sonho que se realiza”, diz a presidente da Associação de Amigos, Mães, Pais de Autistas e Relacionados Com Enfoque Holístico (Ampharo), Karen Rosane Scheer, ao relatar as tantas batalhas das mães, que criaram a entidade e agora têm o retorno mais esperado, que é a conquista de um local específico para auxiliar nas dificuldades apresentadas pelos seus filhos.

A diretora do Centro, psicopedagoga especializada em deficiência intelectual, Débora Jacks, confirma que graças à luta dos pais e sua determinação em conseguir parceiros, entre eles o prefeito Eduardo Leite (PSDB), enquanto vereador e agora no Executivo, a proposta vai sair do papel. O espaço deverá receber os 78 autistas das escolas regulares de Educação Infantil e do Ensino Fundamental da rede municipal. A fase é de organização da infraestrutura do local e de formação dos profissionais.
Verba de R$ 300 mil do Processo de Participação Popular de 2011 foi liberada e vai respaldar a compra de todo o material, o que inclui mobiliários e equipamentos em geral, e formação dos técnicos que vai atuar na equipe multidisciplinar. “Quem vai investir é a prefeitura, que alugará o espaço e cederá os profissionais”, observa Débora, que atualmente divide a Coordenadoria de Educação Especializada do Centro de Apoio, Pesquisas e Tecnologia Para Aprendizagem (Capta), órgão ligado à prefeitura.
O Centro de Atendimento a Autistas também tem foco na demanda reprimida que está em casa, autistas adolescentes e adultos que não estão incluídos na rede escolar regular. A ideia é buscar parcerias para conseguir prestar atendimento a todos, até mesmo com a utilização de estagiários das universidades locais. O Centro vai dispor de profissionais da área educacional especializada para prestar suporte aos professores da rede e terapeutas ocupacionais para atender os que não estão em idade escolar.
Projeto ambicioso
A criação do Centro é um projeto ambicioso e um crédito às pessoas que lutaram por ele. “Nasceu de um sonho, de uma luta por algo que não se tem e é necessário. É um desafio muito grande”, comenta. De início, a equipe será formada por professores especialistas, terapeuta ocupacional e psicólogo. Mais adiante serão abertas vagas para educador físico e estagiários nas áreas de saúde e atendimento psicossocial.
Segundo Débora, o fortalecimento da rede de atenção à população com autismo e outros transtornos globais do desenvolvimento se constitui em um dos focos da administração municipal. Após o sinal verde do prefeito, a Secretaria de Educação e Desporto (Smed) assumiu a tarefa e está à frente da implantação do Centro, que terá como público-alvo autistas da primeira infância à idade adulta. Em um ano a expectativa é de prestar atendimento a toda a demanda, estar com projetos de pesquisa e abrir campo para estágio
O sonho das mães que se realiza
A presidente da Ampharo, Karen Rosane Scheer, é mãe de um menino autista de 11 anos. Ela conta que quando criaram a associação, eram cinco mães. Hoje tem cem. “Na época não tínhamos atendimento em lugar nenhum para nossos filhos. O Pedro (filho) está na Apae e em escola da rede pública municipal. Está incluído, no quarto ano, mas tem um monte de dificuldades. Não consegue acompanhar os outros, é bem mais lento e para ele o conteúdo está ficando distante, por isso precisa que suas dificuldades sejam trabalhadas”, comenta.
A grande preocupação da Ampharo é relativa aos autistas adolescentes, sem atendimento. A Apae não consegue atender toda a demanda, por isso o Centro vem como a solução mais esperada, já que a família vira refém, pois não faz mais nada a não ser dar atendimento ao autista, salienta a presidente. A Associação tem cadastradas cem famílias de autistas, mas a estimativa é de que existam muito mais, pois em uma mesma família acontece de ter mais de um autista.
O que é autismo
O autismo é uma disfunção global do desenvolvimento que afeta a capacitação de comunicação do indivíduo, de socialização e de comportamento. A síndrome afeta um número significativo de pessoas, bem como seus familiares. Embora ainda não tenha cura, o diagnóstico precoce, seguido de tratamento intenso e multidisciplinar ameniza seus sintomas e aumenta as chances da pessoa de desenvolver suas potencialidades e ter uma vida autônoma.
Alguns sinais
O autismo afeta três áreas do desenvolvimento: comunicação, socialização e comportamento.
E o autista:
- Brinca ou usa brinquedos de forma incomum
- Tem dificuldade de se relacionar com pares da mesma idade
- Tem choro ou risada inapropriados
- Hiperatividade ou muita passividade
- Sensibilidade a alguns sons
- Apego a objetos diferentes
- Fala ruim ou ausência de fala
- Dificuldade em lidar com alterações de rotina
- Falta de consciência de perigo
Como entrar em contato com a Ampharo
A Ampharo tem reuniões sempre na primeira quinta-feira de cada mês, na Casa dos Conselhos, situada na rua Três de Maio esquina com General Osório, às 14h. E-mail: aamparho@gmail.com -Por: Tânia Cabistany
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