quarta-feira, 20 de outubro de 2010

AUTISMO NÃO PEGA.DÊ CARINHO A QUEM TEM ESSA DEFICIÊNCIA.

Atendendo à pedidos de parentes de autistas, apresento essa matéria sobre "autismo", colocando na íntegra o que foi pesquisado, por tratar-se de um assunto específico e eu não ser conhecedor com profundidade do assunto. As fontes de informações foram a própria AMA no seu site, e um artigo feito por Ivan Padilha, na revista Época Negócios.
Você sabe o que significa AMA? É a Associação dos Amigos dos Autistas. Aqui em Teresina fica na Av. Marechal Castelo Branco, ao lado do 1º Batalhão da Polícia Militar do Piauí, num prédio doado pelo Governo do Estado em 2005. A presidente da AMA no Piauí é a sra. Helena Lima e, segundo ela, naquele ano (2005) a associação atendia a mais de 70 famílias, devendo hoje está atendendo a muito mais, pois haviam mais de 300 cadastrados.
Para melhores esclarecimentos,”autismo” é um distúrbio do desenvolvimento humano que vem sendo estudado pela ciência há seis décadas, mas sobre o qual ainda permanecem, dentro do próprio âmbito da ciência, divergências e grandes questões por responder.
Há 20 anos, quando surgiu a primeira associação para o Autismo no país, o Autismo era conhecido por um grupo muito pequeno de pessoas, entre elas poucos médicos, alguns profissionais da área de saúde e alguns pais que haviam sido surpreendidos com o diagnóstico de Autismo para seus filhos.
Atualmente, embora o Autismo seja bem mais conhecido, tendo inclusive sido tema de vários filmes de sucesso, ele ainda surpreende pela diversidade de características que pode apresentar e pelo fato de, na maioria das vezes, a criança autista ter uma aparência totalmente normal.
O Autismo é uma síndrome definida por alterações presentes desde idades muito precoces, tipicamente antes dos três anos de idade, e que se caracteriza sempre por desvios qualitativos na comunicação, na interação social e no uso da imaginação.
É comum pais relatarem que a criança passou por um período de normalidade anteriormente à manifestação dos sintomas.
Quando as crianças com autismo crescem, desenvolvem sua habilidade social em extensão variada. Alguns permanecem indiferentes, não entendendo muito bem o que se passa na vida social. Elas se comportam como se as outras pessoas não existissem, olham através de você como se você não estivesse lá e não reagem a alguém que fale com elas ou as chame pelo nome.
Freqüentemente suas faces mostram muito pouco de suas emoções, exceto se estiverem muito bravas ou agitadas. São indiferentes ou têm medo de seus colegas e usam as pessoas como utensílios para obter alguma coisa que queiram.
Pessoas com esse distúrbio possuem dificuldades qualitativas na comunicação, interação social, e a imaginação (a chamada tríade), e consequentemente apresentam problemas comportamentais.
Muita vezes o simples fato de querer ir ao banheiro e não conseguir comunicar a ninguém pode ocasionar problemas como auto-agressão ou agressão aos outros.
Em menor ou maior grau, o autismo atinge uma em cada 150 pessoas, apontam estudos americanos. Não se sabe a causa exata. Fatores genéticos ou exposição a toxinas do cérebro em desenvolvimento são as hipóteses mais prováveis. Os pacientes têm aparência normal, a não ser quando o transtorno aparece associado a outras doenças mentais.
Quando se fala em autista, a imagem que vem à cabeça da maioria das pessoas é a do ator Dustin Hoffman em “Rain Man”. O personagem do filme tem a Síndrome de Savant, um tipo de autismo que atinge um em cada dez pacientes. Os savants costumam ter uma memória prodigiosa, porém uma forte limitação intelectual.
Uma das manifestações mais suaves é a Síndrome de Asperger. Os pacientes têm dificuldade para interagir e demonstrar afeto, mas não apresentam atraso cognitivo e mental. Falam de forma pedante e têm interesses bastante específicos. O americano Vernon Smith, prêmio Nobel de Economia em 2002, tem a síndrome. Os psiquiatras acreditam que gênios como Michelangelo, Isaac Newton, Albert Einstein e Charles Darwin também tinham traços de Asperger.
Pessoas que sofrem da Síndrome de Asperger são as mais aptas a trabalhar. “O maior problema é a do preconceito”, afirma Marli Marques, coordenadora-geral da Associação de Amigos do Autista (AMA), entidade com quatro casas de assistência em São Paulo . “Eles não conseguem se expressar bem e têm caligrafia ruim. Dificilmente passam em uma entrevista de emprego”. (Fonte: Ivan Padilha/Revista Época Negócios/05/10/09)

terça-feira, 19 de outubro de 2010

CRIANÇAS AUTISTAS PODEM SER AFETIVAS.

Com três anos, L.S. ainda não fala, mas sua mãe, Deise, 28, tem esperança de que ele desenvolva essa capacidade.

Seu filho é autista. Anda pela casa de olhos fechados e passa muito tempo girando o corpo. Quando quer algo, L.S. agarra a mão de Deise para comunicar seu desejo.

"Ele é muito carinhoso, sempre retribui os meus beijos e abraços. E percebe quando estou triste, chega até a parar de comer", diz.

A dona de casa Joana também testemunhou um ato de empatia por parte de seu filho, Tiago. Autista de grau moderado, o jovem de 25 anos percebeu que a mãe estava abalada com a morte de um parente e quis confortá-la: "Ele oferecia a camiseta dele para secar as minhas lágrimas", conta.

Ainda que não se saiba se a troca de afetividade entre mãe e filho seja mera imitação de gestos por parte do autista, há pesquisas que contradizem a ideia comum segundo a qual os autistas são frios e alienados.

Um estudo conduzido na Queen's University, Canadá, com 15 crianças autistas, avaliou a capacidade que elas tinham para contar e sustentar uma mentira.

Os pesquisadores perceberam que 12 dessas crianças eram capazes de contar "mentiras piedosas", cujo objetivo é não desapontar as expectativas dos outros.

Quando recebiam um presente que não gostavam (um sabonete, no teste), eles mentiam para não magoar quem os havia presenteado.

NEM TÃO RÍGIDOS

Para Gustavo Giovannetti, psiquiatra da Unifesp, a habilidade que os pesquisadores detectaram não pode ser generalizada para todos os espectros de autismo, muito menos para casos mais severos, mas confirma teses mais atuais a respeito do tema.

"O que a pesquisa mostra é que o desenvolvimento dos autistas não é tão fechado e que seus sintomas não são assim tão rígidos", afirma.

Segundo o psiquiatra Estevão Vadasz, coordenador do ambulatório de autismo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, o mérito do estudo é desafiar o senso comum sobre a frieza dessas pessoas.

"É preciso acabar com esse mito de que autistas não têm afetividade. O que eles têm é dificuldade para demonstrar sentimentos por causa de suas limitações em se comunicar", diz.

A reportagem da Folha visitou na sexta-feira o ambulatório em que o médico atende no HC, em meio a atividades lúdicas como a presença de contadores de história e cães terapêuticos.

Um de seus pacientes, o adolescente F.V., 15, estava acompanhado pela mãe, Angela. "Ele começou a ficar agressivo. Bate em mim e quebra tudo se não é atendido. Não tenho mais força para controlá-lo. Já pensei até em interná-lo", desabafa.

Vadasz afirma que mesmo o comportamento agressivo de F.V. é uma prova de que ele tem emoções.

"A raiva é uma demonstração de seus sentimentos e de sua frustração por não conseguir exprimir um desejo."

Um diagnóstico precoce, diz o médico, pode melhorar as perspectivas de jovens autistas: "Quanto mais cedo a criança for tratada, maiores as chances de desenvolver capacidades de interação".

Sinal que pode ser promissor para o pequeno L.S., que ainda não consegue falar.

"Ele é muito novo ainda, quem sabe até os seis anos não seja capaz de desenvolver a comunicação verbal?", afirma o médico.
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