domingo, 17 de fevereiro de 2013

Uma maneira diferente de enxergar a vida. Pelotas debate o autismo há anos, mas carece de políticas concretas para atender a crescente demanda de pacientes


Por: Osiris Reis
osiris@diariopopular.com.br 
Dificuldades na comunicação. Comportamento ritualístico. Resistência a mudanças. Essas características comportamentais poderiam ser apenas algumas em um universo que diferencia cada ser humano. Mas não são. Se você conhece alguma pessoa que reúne esses traços, é possível que ela integre o grupo de pessoas portadoras do Transtorno do Espectro do Autismo. Pelotas debate o assunto há anos, mas carece de políticas concretas para atender a crescente demanda de pacientes. Até o ano passado, a cidade possuía 56 pessoas cadastradas na Associação de Amigos, Mães e Pais de Autistas (Ampahro). No entanto, esse número não chega a 50% da população total na cidade.
Apesar do Congresso Brasileiro ter aprovado no último ano a Lei nº 12.764, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos dos Autistas, a realidade ainda é bem diferente daquela projetada nos gabinetes em Brasília. Recentemente o Ministério da Saúde finalizou a Linha de Cuidado para a Atenção Integral às Pessoas com Autismo e suas Famílias no SUS. O documento com mais de cem páginas prevê a reestruturação completa da saúde pública, afim de proporcionar ambiente mais adequado para o tratamento do transtorno. A versão não finalizada está disponível na internet para consulta pública até o dia dois de março. A intenção é que gestores, profissionais do SUS e comunidade médica contribuam para o aperfeiçoamento do documento.
  REGIÃO AINDA APRESENTA SISTEMA INEFICIENTE.
Em Pelotas , o único atendimento especializado é fornecido pela APAE, que atende atualmente 40 autistas. Em abril de 2012, o Núcleo de Neurodesenvolvimento da Universidade Federal de Pelotas-UFPEL, inscreveu no Ministério da Saúde um projeto para a criação de um centro Especializado em Reabilitação para atender problemas intelectuais, auditivos e deficiências múltiplas. No entanto, para que esse centro saia do papel é necessária a liberação de R$300 MIL, aprovado no Processo de Participação Popular e Cidadã, em 2011.
Na avaliação da presidente da AMPARHO, Karin Rosane Scheer, a lei de proteção em vigor desde o ano passado significa um divisor de águas na luta em defesa dos direitos do cidadão com autismo. "O TEXTO GARANTE ATENDIMENTO MULTIPROFISSIONAL COM EDUCAÇÃO ESPECIALIZADA E nos aproxima do sonho de termos um Centro de Atendimento Terapêutico e Pedagógico para autistas de todas as idades", projeta a mãe.
A curto prazo, mas ainda sem data, nem detalhes definidos, a Secretaria de Saúde pretende atuar em duas pontas: na capacitação de profissionais para acolherem a demanda e na organização de grupos terapêuticos para mães e familiares de autistas." A secretaria acolhe os autistas através do CAPS INFANTIL, mas ainda não possui uma equipe qualificada", explica a gerente da saúde mental, Cyntia Yurgel. Em encontro recente com as mães da AMPARHO, o prefeito Eduardo Leite comprometeu-se em estudar a possibilidade de ampliar o convênio de atendimento com a APAE.
EXEMPLO; No município vizinho de RIO GRANDE, a realidade é bem diferente. O atendimento é fornecido pela Escola de Educação Especial Maria Lúcia Luzzardi, criada a partir da iniciativa de um grupo de pais. Atualmente a Escola atende 82 alunos, que participam de atividades como oficinas de artesanato, artes, hora do conto, reciclagem e jardinagem.

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