Discutir o Projeto de Lei 276 2011, que dispõe sobre a questão do autismo no Estado, foi o objetivo da audiência pública da Comissão de Saúde e Meio Ambiente que ocorreu na manhã desta sexta-feira (29) no Espaço de Convergência Adão Pretto, no Parlamento gaúcho. O projeto cria a política estadual de atendimento a pessoas com diagnóstico de autismo no Rio Grande do Sul.
O proponente da audiência pública e autor do projeto, deputado Catarina Paladini (PSB), explicou que o encontro serviria para aprimorar o texto, abrindo espaço para contribuições de pessoas que lidam com o tema. “A tramitação do projeto foi freada no Legislativo para que possamos discutir, melhorar e aprimorar a proposta. Temos aqui várias entidades que podem contribuir e assim chegarmos a uma proposição mais completa”. Catarina ainda lembrou que, ao aprovar o projeto, o Rio Grande do Sul terá condições de ser protagonista em uma importante política de gestão da saúde mental no Brasil.
Pais e cuidadores dão relatos emocionadosCom uma grande participação de pais e cuidadores de pessoas com autismo, a audiência teve intervenções emocionadas descrevendo o preconceito e as dificuldades encontradas pela falta de políticas de Estado para os autistas. João Mandelei, pai de um jovem com autismo, relatou essas experiências e questionou: “Meu filho precisa de cuidados constantes. Como podemos sediar uma Copa do Mundo, mandar homens ao espaço, e ao mesmo tempo virar as costas para as pessoas com deficiência?".
Vania Reichelt, da Associação de Pais e Amigos do Autista do RS, disse que o autismo encontra muits barreiras na sociedade por seus sintomas não serem conhecidos. “Precisamos falar mais sobre os sintomas e o diagnóstico. Temos que mostrar esse lado para a população, reeducá-la para lidar com o autista. Vemos na TV, diariamente, campanhas conscientizando sobre os prejuízos do uso da droga. Por que não uma campanha permanente dizendo como é a vida de um autista e como devemos socializá-lo?" indagou.
Participar para incluirJorge Amaro, vice-presidente do Conselho Estadual das Pessoas com Deficiência, convocou os defensores dos direitos dos autistas a participarem de forma mais ativa do órgão e incluir a pauta no cotidiano do Conselho. “Seria muito do agrado do Conselho Estadual que as entidades participassem. Os surdos, que antes não participavam do Conselho Estadual, conseguiram muitas conquistas”, exemplificou.
Representantes do governo do Estado falaram das políticas que o Estado já possui e planeja aprimorar para receber pessoas com necessidades especiais. Liese Serpa, coordenadora do Programa Infância Melhor da Secretaria Estadual de Saúde, falou sobre o diagnóstico precoce, como o possibilitado pelo Primeira Infância Melhor, que atende a criança desde a gestação. "Somado a isso, precisamos formar melhores equipes e termos uma política adequada para acompanhar os casos diagnosticados. Este movimento de pais e cuidadores é fundamental para aprimorarmos o atendimento”, avaliou.
Já a assessora técnica pedagógica em Educação Inclusiva da Secretaria Estadual de Educação Márcia Cernicchiaro, disse que o Estado projeta em breve ter capacidade para atendimento em todas as escolas do RS, fazendo as adaptações e com o preparo na formação necessário para isso. “Há 157 alunos com autismo na rede estadual. Mas queremos estar preparados para receber, com salas multifuncionais que sejam ampliadas a todas escolas, as pessoas com deficiência”, disse.
Encaminhamentos
Ao final da audiência os participantes definiram por adotar as seguintes ações:
- Instalação de um grupo de trabalho para debater o autismo com gestores públicos, representantes do Parlamento e cuidadores;
- Ação conjunta e inclusão da pauta do autismo na Conferência Estadual da Pessoa com deficiência
- Ação conjunta para a política estadual na Conferência Estadual de Saúde;
- Autistas deverão participar de uma intervenção com o bandeirão da acessibilidade em um jogo do Grêmio no estádio Olímpico Josias Bervanger - MTB 14235 | Agência de Notícias - 13:32-29/06/2012 - Edição: Sheyla Scardoelli - MTB 6727 - Foto: Daniel Cruz
A AMPARHO-Associação de amigos, mães, pais de autistas e relacionados com enfoque holístico esteve presente na audiência pública de hoje, pois precisamos de atendimentos e capacitação de profissionais para trabalhar com os nossos autistas.O autismo precisa estar incluído no orçamento do Estado do Rio Grande do Sul.
ResponderExcluir